Textos e reflexões de Rodrigo Meireles

28.10.12

A Política

O futuro é hoje, vivo e atualizo isso no meu dia-a-dia. Não obstante as tantas dificuldades, as disputas, os confrontos (tantas vezes feito de maneira forçada e apelativa, até violenta), vejo-me muitas vezes sem forças para ir adiante e me sinto pequeno diante de todas essas coisas. O mundo é muito maior do que eu. Contudo, a cada pessoa que me procura, a cada energia que dispendo na escuta ativa de algum sofrimento, a cada olhar perdido que encontro, descubro que mesmo pequeno não existo à toa e não sou em vão. Posso amar e me encontrar naquele outro. Posso crescer e ampliar o meu olhar em um tu que, por alguns minutos, também sou eu, imerso neste mundo e na existência. Esta é a minha experiência diária, que procuro renovar a cada novo raiar do sol. Esta é a minha Política.

Contudo, esta Politica se estende para além de mim. Forma grupos, instituições, organizações em prol de algo comum. Eis que temos também os partidos, eis que temos ainda os interesses e as conveniências, alimentadas pelas ideologias. Eis que temos a democracia, mesmo em suas contradições ou incompletudes. Eis que temos o futuro, no presente cheio de conflitos e em crise e que suscita novos movimentos, novos olhares e novas formas de ação. Se apenas fazemos leitura de momentos, corremos o risco de cairmos constantemente na espiral hegeliana, em que tudo flui e se atualiza historicamente, não importa como e para onde. Não, não vejo que a Política seja uma coisa de momento, acredito ser este um erro hermenêutico. Penso na Política inserida na cultura, de forma anterior a ela, mas que ocorre mesmo "distorcida" pelos fatos. Não é mera criação dos homens para uma vida social, mas fundamental e necessária para sua sobrevivência, no seu ethos.





Continue lendo

24.10.12

Piccolo

Piccolo. Forse non trovo altro modo di descrivermi dinnanzi alle situazioni che trovo nel mio quotidiano. Sia nel lavoro sia camminando sulle strade della città, mi sembra di vedere la distruzione della vita e dei rapporti personali a nome di interessi particolari o di un supposto potere. È certo che non posso generalizzare, ma è sintomatico vedere nella gente le parole già previste da Nietzsche e approfondite da Heidegger sul nostro tempo e il suo vuoto, il buio culturale.

La violenza è diventata banale. Non importa se uno muore e come muore. La politica mantiene gli stessi vizi lungo gli anni. Anche se cambiano le persone, continua la stessa, con qualche rara novità. Il mercato continua a dettare le regole del gioco con la sua supposta mano invisibile ed ancora influisce sui comportamenti delle persone. La gente continua a preoccuparsi con le proprie vanità e a perdere la fiducia nell'altro, che tante volte rappresenta una minaccia ai propri interessi. Persino la gente che va nelle chiese sembra cantare lodi vuote, come se sperasse che qualcosa accada magicamente dai cieli.

Può darsi che per qualche regola ci sia un'eccezione, ma sono ancora poche dinnanzi a questo complesso sistema di avvenimenti. Per cambiare questo ci vuole il coraggio per illuminare il nostro tempo con l'Amore vero, incondizionato e fraterno. Non possiamo permettere che il senso delle cose si svanisca davanti ai nostri occhi e rimaniamo attoniti, senza parole o azioni concrete, ad aspettare la fine.

Sono piccolo e a volte mi sento da solo in quest'impresa, ma posso realizzare il poco che mi definisce e collaborare con la piccola porzione di umanità che mi è stata affidata e con la quale mi trovo, anche se casualmente, giorno dopo giorno. Spero di scoprire in ogni persona un altro Volto, che mi permetta di descrivere la speranza e le tracce di un altro modo di vivere (non limitato a pochi, ma comune a molti), di un mondo libero, fraterno e dove regni la pace.

Rimango piccolo, ma, come un seme, posso germinare e rendere frutti incalcolabili nel poco che sono, se mi lascio guidare dall'Amore vero. È difficile, ma in quest'utopia trovo un cammino.



Continue lendo

9.10.12

Comédia Intocável!

Se você aprecia uma boa comédia, sem apelações e com um toque de profundidade, assista o filme "Intocáveis" (França, 2011). O grande sucesso francês do momento é uma comédia bem elaborada, baseada em fatos reais, que destaca o relacionamento entre um personagem da periferia e um milionário tetraplégico.

Em divertidos encontros, o filme revela o desenvolvimento de uma amizade sincera, autêntica e espontânea entre dois personagens de origens bem distintas, que resulta em ótimas gargalhadas. O que chama atenção nesta comédia é o fato de  que para rir não é preciso apelar para o ridículo, destacando a profunda e sincera relação que nasceu entre os dois. Os personagens revelam-se sem máscaras e realizam um encontro cheio de contrastes em que ambos permitem se conhecer e aceitar as diferenças. Tudo, porém, com bastante leveza, música e ação.

O roteiro foi inspirado na vida do milionário tetraplégico Philippe Pozzo di Borgo e de seu enfermeiro, Abdel Selou (representado no personagem Driss). O primeiro escreveu um livro intitulado "O Segundo Suspiro", registrando cada frase em um gravador. Ainda vive na França com a família, mas o seu fiel companheiro casou-se há oitos anos, teve três filhos e mudou-se para o Marrocos. Com a própria história, eles mostram para o mundo de hoje que é possível superar as dificuldades, construir uma sólida amizade e ter uma vida feliz.





Continue lendo

3.10.12

O tempo nos desfolha - Francisco Carvalho

Foto de Fabiana Guimarães.
O tempo nos desfolha
com sua foice de murmúrios

somos o rebanho de cabras
pastando o caos

somos os tufos de relva
nas frestas da rocha
batida pelo mar

onde a nau de Ulisses
ainda ancora

somos a escória do mito
a rota em que navega
a nossa penúria.


In: Carvalho, Francisco. Jornal de Poesia.
Continue lendo