Era uma família como todas as outras, o pai e a mãe trabalhavam e os dois meninos estudavam regularmente. Saíam de casa com certa freqüência e tinham muitos amigos, que os faziam ter sempre muitas opções extras de lazer, além da corriqueira rotina.
Mas um desses meninos queria muito mais. Não bastava a sua vida comum de um menino comum no alto dos seus normais e comuns oito anos. Não servia muito saber que na sua idade a brincadeira ainda estava em voga e a ele não interessava nem mesmo saber a que nível se encontrava em meio aos seus estudos. O menino queria ser grande e procurava se encontrar sempre mais longe do que a sua imaginação permitia.
Um certo dia, estava ele defronte a uma fonte que jorrava sem parar fortes jatos d’água em três direções. Olhou para essa fonte e compenetrou-se nela; olhou-a não como um simples turista olharia, mas via cada gota de cada jato, e, na transparência dessas gotas, aquele olhar ia mais além. Via o futuro e viajava em seus sonhos que voavam naquelas gotas.
Um brilho exuberante parecia nascer daquela fonte à medida que o menino aprofundava o seu olhar. Inúmeras gotas, inúmeras idéias, inúmeras tarefas, inúmeras pessoas, inúmeros projetos. Imagens que viajavam na sua mente infantil na velocidade de cada gota que via passar. Ele estava longe, absorto nos seus pensamentos. A sua vida de menino não era o bastante para o que havia em mente. Nada mais importava senão o querer adaptar-se imediatamente a uma situação que estava além do que ele poderia realmente ser. O seu mundo estava formado e desde então idealizado em forma de gotas viajantes.
Após alguns minutos, os jatos foram aos poucos se enfraquecendo e as gotas paravam de jorrar na mesma intensidade. Também aos poucos o menino perdia forças e a energia que parecia emanar do vislumbre das gotas da fonte sumia conforme a mesma era desligada. Logo ele definhou e se foi, perdendo seus sonhos em gotas e atirando-se no martírio dos próprios desejos.
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