Textos e reflexões de Rodrigo Meireles

27.8.12

50 anos de Psicologia no Brasil

Há exatos 50 anos, a Psicologia foi regulamentada como profissão no Brasil com a Lei 4.119/62. Desde então, novos cursos de graduação foram instituídos e a profissão cresceu, marcando presença em praticamente todos os espaços de trabalho que envolvem pessoas. Com o reconhecimento sempre crescente acerca deste saber e suas práticas, certamente esta profissão poderá crescer ainda mais, alcançando mais pessoas e melhorando a qualidade de vida da população brasileira.

O trabalho exercido pelos profissionais de Psicologia, hoje presentes em todo o Brasil, é de grande relevância para o bem-estar social e para a garantia da dignidade e da vida de cada cidadão. As psicólogas e os psicólogos atuam nas clinicas, nas escolas, nas empresas, nas organizações comunitárias, nos hospitais, nas unidades básicas de saúde, nos fóruns e tribunais, em entidades esportivas, nos departamentos de trânsito, em centros de pesquisa, nas universidades e em todos os lugares onde se faça necessária a garantia da harmonia e da convivência entre as pessoas.

Entendemos que é cuidando das pessoas que fortalecemos o nosso país. Portanto, é notório o reconhecimento das pessoas quanto à importância dos profissionais de Psicologia, assim como é também notório o aumento da oferta de cursos de graduação e pós-graduação em Psicologia em todo o país nos últimos anos. No entanto, há ainda alguns avanços que precisamos conquistar em prol do pleno reconhecimento e do pleno exercício desta profissão. Entre estes avanços, destaco que se faz necessário:

(1) Regulamentar um piso salarial que seja digno e condizente com o trabalho exercido; 
(2) Regulamentar a carga horária máxima semanal, evitando sobrecargas; 
(3) Regulamentar a inserção obrigatória dos profissionais de Psicologia em todas as unidades de ensino, públicas e privadas, garantindo cobertura a todos os estudantes;
(4) Regulamentar a inserção obrigatória destes profissionais em todas as unidades básicas de saúde, garantindo escuta qualificada, melhorando a qualidade de vida, reforçando a prevenção de doenças e diminuindo os impactos de ocorrências mais graves;
(5) Expandir a implantação de mais Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em todo o país e fortalecer as redes de saúde mental, dando continuidade à reforma psiquiátrica, fortalecendo os vínculos comunitários e evitando modelos higienistas de tratamento;
(6) Garantir a realização de concursos públicos com vagas destinadas aos profissionais da Psicologia;
(7) Garantir acesso a atendimento clínico, público e de qualidade, a toda a população brasileira.

Ao longo de 50 anos, percebemos que temos muito a comemorar e muito mais a fazer e sabemos que esta conquista não se restringe aos profissionais de Psicologia, mas a toda a sociedade brasileira! Portanto, todos podemos comemorar e se manifestar em prol de mais qualidade no ensino e no exercício desta profissão, além de apoiar iniciativas por melhores condições de trabalho.

Por isso e por muito mais, PARABÉNS Psicólogas e Psicólogos!




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26.8.12

Ser cidadão sempre!

No próximo dia 7 de outubro, estaremos todos nas urnas para escolher o prefeito de nossas cidades. Para isso, devemos saber fazer a nossa escolha de modo consciente e participativo, conhecendo cada candidato através de suas propostas e suas articulações. Contudo, é preciso destacar que as eleições não se resumem a um simples voto. O processo eleitoral é parte do exercício da cidadania, que deve ser vivido antes, durante e após as eleições. Ou seja, nós, cidadãos, não podemos ficar passivos e esquecer da nossa importância para a cidade nem mesmo depois das eleições. Uma vez efetivada a escolha coletiva, com o resultado das urnas, temos de conhecer as ações da prefeitura e nos posicionar através de nossas críticas, sugestões e denúncias. Como já diria Betinho, o verdadeiro cidadão se manifesta, escolhe e participa!

Portanto, não basta selecionar um número e digitar na urna eletrônica. Dê a sua sugestão, faça a sua crítica de como está a sua cidade, defina a sua posição e após as eleições participe ativamente das ações da prefeitura através dos espaços já constituídos ou criando espaços para diálogo. As associações comunitárias são excelentes exemplos de espaços para este diálogo e para possíveis articulações. Além disso, também é possível alimentar as redes sociais, cobrar do prefeito eleito a realização de suas propostas e participar dos fóruns abertos pelo poder público ou pelas redes e associações civis para que sejam definidas as políticas necessárias para a cidade. O bem comum só é possível quando, juntos, buscamos o que queremos.

Manifeste-se, escolha e participe!


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19.8.12

Drogas e Cidadania

O Conselho Federal de Psicologia desenvolveu um portal na internet para esclarecimento das ações acerca das drogas, seus efeitos e tratamentos destacando que qualquer usuário é também um cidadão e precisa ser antes de tudo respeitado. Só teremos uma sociedade que viva bem se sabemos reconhecer em cada pessoa um cidadão, mesmo se este está precisando de ajuda e clama por socorro. Nos últimos meses, temos assistido a uma onda de intolerância aos usuários de drogas ilícitas, que estão sendo varridos das ruas numa reprise do modelo higienista como se fossem os únicos culpados por este problema. Tolerância e respeito são palavras-chave para qualquer encontro e sem estas palavras, qualquer usuário de drogas não passa de um ladrão ou de um vagabundo. Com tolerância e respeito, é possível escutar as necessidades de cada um e promover encontros saudáveis entre cidadãos e políticas públicas integradas.

Convido você a assistir uma sequência de 5 (cinco) pequenos vídeos especialmente preparados pelo Conselho Federal de Psicologia para esta discussão. Todos eles estão disponíveis no site Drogas e Cidadania. Recomendo!



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18.8.12

O perigo da medicalização

Recentemente, a psiquiatra Analice Gigliotti publicou um texto na Folha de São Paulo intitulado "A Última Lição de Chico Anysio" no qual destaca a preocupação de Chico Anysio em relação ao preconceito contra as pessoas com transtornos mentais e a sua recomendação para que os medicamentos psicotrópicos sejam disponibilizados à população mais pobre do Brasil. A autora reforça o pensamento do ator denunciando o que seria a falta de socorro aos doentes mentais do Brasil, que não teriam fácil acesso a medicamentos deste tipo. Discordo veemente!

O melhor socorro aos doentes mentais no Brasil não é o aumento da oferta de medicamentos, haja vista que o consumo de medicamentos psiquiátricos já é alto no Brasil e pouco resolve. O melhor socorro é o ampliamento das redes de apoio social, com atendimentos diversificados, personalizados e de qualidade. Concordo com Chico quanto ao preconceito psicofóbico ainda existente, mas discordo da afirmação de que o medicamento é a única solução para a depressão e outros transtornos mentais. É preciso destacar que medicamentos psiquiátricos não curam nada, apenas amenizam sintomas. É por isso que precisam ser administrados com doses controladas e muitas vezes por toda a vida. Se curassem, haveria um fim. É fato que tais medicamentos ajudam e são importantíssimos em muitos casos, mas sozinhos não resolvem nada, pois estão a melhorar os incômodos que certos sintomas causam, tais como tremedeiras, palpitações excessivas, alucinações, insônia, falta de apetite, dentre outros. Esse é o erro da psiquiatria moderna: acreditar que podem tratar das doenças mentais como se trata uma dor de cabeça, na lógica do "tomou doril a dor sumiu!". No meu entender e na minha experiência, defendo que, para além da doença, é preciso ir ao encontro da pessoa; somente ela é capaz de mudanças significativas.

Para melhor refletir sobre o tema, convido vocês a assistir o vídeo "Medicalização e Sociedade" que trata do tema com simplicidade e maestria. Indico ainda o site medicalizacao.com.br para mais informações.



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