Textos e reflexões de Rodrigo Meireles

29.12.11

No exílio da canção (do sabiá)

Minha terra é assim:
cheia de palmeiras
onde canta o sabiá
(ou deveria cantar)

Ora digo isso
quando de longe olho
o que mesmo de perto
é dificil perceber:

Onde se esconde o sabiá?
Em meio às arestas da civilização
pouco se pode enxergar

Para onde foi o sabiá?
Nada sei, até o que sei
não ouço o seu cantar

Onde canta o sabiá
da minha terra
pelo que eu encontro cá?

Na minha terra tem palmeiras
e sei que ali canta o sabiá
mas não sei onde o encontrar

Sabe-se pouco desta terra!
Nem o velho sábio sabe
porque o sabiá não quer cantar
Continue lendo

28.12.11

É tempo de despertar!

O Natal aconteceu, os dias prosseguem e a vida continua, mesmo com seus altos e baixos. Há quem veja nisso uma combinação sem graça, sem sentido, e que nada mais vale a pena além de assumir uma dinâmica diária de quase total inércia. Para estes, a vida segue em seus ciclos, os seres apenas se adaptam às circunstâncias e tudo continua, não importa como e para quê. Todavia, para além do bem e do mal, o homem que assume um sentido para a sua vida é capaz de transformá-la. Quando falta sentido, nada mais lhe resta que viver como um vegetal à espera da morte, alienado de tudo e de todos. Com a sua capacidade de transformar, o homem participa da Criação e da evolução do universo muito mais do que por pura inércia, mas como agente capaz de impulsionar a vida com seus atos. É preciso, portanto, que este homem se descubra e conheça os seus potenciais, tantas vezes abafados pelo niilismo que assola a humanidade.

É tempo de despertar! Afinal, podemos transformar e perceber que a vida é muito mais que simples afazeres cotidianos e rotineiros sem sentido; é muito mais que inércia. O Natal nos permite essa reflexão por nos recordar o nascimento d'Aquele que se fez homem para transformar o mundo e nos fazer acreditar no Amor como fonte de vida e evolução. Afinal, o homem pode transformar porque é capaz de amar, tal qual Deus na Criação. É o Amor que transforma, mas esse Amor, em meio às fugacidades modernas, muitas vezes é calado, temido e, em muitos, permanece adormecido.

Hoje, o que mais desejo é que possamos nos acordar do profundo vazio de sentido que o mundo atravessa e que possamos transformar nossas vidas, tantas vezes carregada de pessimismo e com tons demasiado negativos, em abundantes fontes de Amor. Que o Natal aconteça em nós todos os dias para sentirmos a beleza do Amor de Deus e a beleza de amar!


Continue lendo

3.11.11

Steve Jobs e o SUS

Tomei a liberdade de reproduzir, logo mais abaixo,  um texto que considero de relevante importância para refletirmos a repercussão que teve o caso da doença de Lula na internet. Vale a reflexão, apesar dos discursos em contrário. Afinal, o maniqueísmo que foi iniciado na grande rede desrespeita aqueles que precisam do SUS, até mesmo aquele cidadão que precisa se tratar de problemas ou doenças que têm suas melhores referências em especialistas e hospitais que integram o SUS.

____________________________________________________________________________

ALEXANDRE HOHAGEN
Steve Jobs e o SUS



Se Steve Jobs tivesse sido acometido por esclerose múltipla no Brasil, teria considerado o SUS



A essa altura você certamente já sabe quem é Steve Jobs. E que ele morreu no começo de outubro. Também sabe que ele foi um visionário obsessivo. Ele tinha mais de cem camisetas pretas, de gola alta, todas iguaizinhas. E também sabe que ele foi adotado. Nunca quis reencontrar o pai biológico. Deixou um legado de qualidade, design, simplicidade que mudou o conceito de inovação e tecnologia da nossa era.

Da mesma forma, imagino que o câncer encontrado no ex-presidente Lula nesta semana não seja mais novidade. Ele provavelmente foi causado pelo cigarro. 

Ele está sendo tratado pelos melhores médicos do país. O hospital onde começou as sessões de quimioterapia é referência e não faz parte da rede pública. Afortunadamente, o presidente está bem e desejo que ele se recupere rapidamente. Provavelmente os leitores mais conectados também sabem que há uma corrente nas redes sociais desafiando que o nosso ex-presidente seja tratado em uma unidade do SUS (Sistema Único de Saúde).

A corrente se espalhou com velocidade. Os posts em defesa ao atual tratamento e votos de recuperação ao presidente também começam a se multiplicar, em uma espécie de maniqueísmo social.

Os três temas acima foram propagados nos últimos meses pelas redes sociais. Nunca na história do Twitter, por exemplo, um assunto tinha sido tão comentado como a morte de Steve Jobs. Foram 8 milhões de notas postadas e lidas por centenas de milhares de pessoas em 36 horas. Da mesma forma, a história bizarra das pessoas mandando o Lula para o SUS, em uma demonstração de desrespeito com um ser humano doente, está em toda a parte no Facebook.

De acordo ou não, as redes sociais são assim mesmo. Cada dia mais parecidas com o dia a dia. Igualzinho a um papo na mesa de bar. As pessoas iniciam uma conversa. Se ela for de interesse, se amplia. Outros opinam. E o boca a boca escala velozmente. Até minha filha de sete anos reconhece o Steve Jobs em foto pela tradicional e minimalista indumentária. Como pai, executivo, cidadão eu tenho pensado muito em como garantir uma curadoria saudável de todo o conteúdo que aparece na nossa frente todos os dias.

Para ter uma ideia, o sistema de segurança do Facebook processa e revisa 25 bilhões de ações de conteúdo todos os dias. O que interessa ler e compartilhar?

Quando li o post que pedia para que Lula se tratasse no SUS, fiquei confuso. Me recusei a compartilhar. Eu realmente não acredito que um brasileiro deseje o mal a Lula. Ele dedicou a sua vida ao país. Humor sem graça virou moda ultimamente. Mas ainda pior foi o fato de que o SUS virou sinônimo de castigo. Tem um inimigo? Deseje que ele se trate no SUS. Não gosta da sogra, manda para o SUS.

Ontem eu me deparei com um desses posts que vale a pena ler e compartilhar. É o relato da paranaense Nina Crintzs. Com o título "Eu, o SUS, a ironia e o mau gosto", Crintzs descreve a sua experiência sendo tratada no SUS de uma doença raríssima: esclerose múltipla.

O texto é emocionante e mostra uma perspectiva bastante diferente dos ataques de pessoas que seguramente jamais passaram perto de um posto de saúde.

Segundo Crintzs, "o Brasil é o único país do mundo que distribui gratuitamente os remédios para o tratamento da esclerose múltipla". Ela complementa: o maior especialista em esclerose múltipla do Brasil atende no Hospital das Clínicas, que é do SUS, em um ambulatório especial para a doença.

Ou seja, caro leitor: se o Steve Jobs, que, como sabemos, era um obsessivo por qualidade, tivesse sido acometido por essa doença no Brasil, provavelmente teria considerado o SUS.

E seguramente essa história teria muito mais relevância do que as brincadeiras sem graça que muitas vezes pipocam por aí. Crintzs tem propriedade para falar e eu para compartilhar: "Fazer piada com a tragédia alheia não é humor, é mau gosto". 


ALEXANDRE HOHAGEN, 43, jornalista e publicitário, é responsável pelas operações do Facebook na América Latina. Em 2005, fundou a operação do Google no Brasil e liderou a empresa por quase seis anos. Escreve às quintas-feiras, a cada quatro semanas, nesta coluna. 

www.facebook.com/colunadohohagen


Fonte: Folha de São Paulo


Continue lendo

24.9.11

A liberdade entre dores e cores

Viver é experimentar o que a vida nos traz e tudo aquilo que é inevitável. Viver é, portanto, relacionar-se e é em meio às suas relações consigo mesma, com os outros e com o mundo que a pessoa se descobre. Nessas relações com o mundo, a pessoa encontra desdobramentos permeados de descobertas e também de sofrimento. Contudo, mesmo em meio a esses desdobramentos, como percebemos na experiência clínica, é possível encontrar sentido na vida. Segundo Viktor Frankl, "o sentido da vida é um sentido incondicional, por incluir até o sentido potencial do sofrimento inevitável". Encontra-se sentido para a vida quando se opta pela experiência de viver.

Essa experiência mostra que a cada instante a pessoa é levada a confrontar o mundo, com suas dores e cores. Dores e cores que revelam uma dialética dantesca de descoberta de si mesmo no mundo. É interessante constatar que, na sua Comédia, o memorável poeta italiano Dante Alighieri constrói um excursus perfeitamente associável à experiência do homem pós-moderno, mesmo até daquele que busca a psicoterapia para um autoconhecimento. O caminho do inferno ao paraíso, em Dante, é também o caminho que as almas não pusilânimes ousam traçar se querem descobrir um sentido maior para as suas vidas. Os pusilânimes são aqueles que não fazem escolhas morais, nem para o bem, nem para o mal. Estes nada mais desejam e não são capazes sequer de entrar no inferno e traçar o próprio caminho, o próprio itinerário. Estão parados na própria dor vazia, não querem sentir mais nada e simplesmente deixam que a vida os leve no seu tempo infindável e sem cor. Para estes, estar vivo ou morto não faz diferença, mas, para quem sente o mundo, viver é atravessar as linhas da existência, com tudo o que se encontra no caminho. Cabe aqui um pressuposto: a escolha e a coragem de viver. Encarar as dores não é buscá-las por um mero prazer pessoal, mas é ressignificá-las para atribuir a elas um novo colorido. Eis que o itinerarium de Dante revela uma pessoa capaz ter a coragem necessária para tomar consciência de si mesma, atravessar as próprias dores e atingir o paraíso, lugar da liberdade e do amor. Desde o inferno, Dante procurava a liberdade - "Libertà va cercando" (Purg I, 71) - e chega ao paraíso não sem antes provar do fogo, da dor, do sofrimento. Mesmo Beatriz, seu grande amor espiritual e seu daimon, ao longo do Cântico do Paraíso e após o muro de fogo do Purgatório, o faz provar novas experiências para que este atinja a liberdade plena, no amor.

A liberdade, segundo Rollo May, "é a capacidade de o homem contribuir para a sua própria evolução", pressupõe autoconsciência e se revela na capacidade de fazer escolhas. Não se trata de uma liberdade na perspectiva de um indivíduo isolado, segundo a qual o homem se liberta de tudo e de todos, mas da liberdade com responsabilidade, que se reconhece enquanto relação.

Portanto, ser livre é ter consciência de si mesmo no mundo, com todos os elos que a existência comporta. Todavia, para que esta consciência evolua e se atualize, é preciso que a pessoa se deixe afetar pelos fenômenos que a toca no mundo, como carne, para viver e sentir a necessidade de fazer as próprias escolhas. É assim que a pessoa pode atualizar-se e é com esse intuito que a psicologia pode contribuir para a abertura de novas experiências no horizonte de cada pessoa.


Continue lendo

4.7.11

Sobre a juventude de hoje

Após ler o texto Nossa Nova Geração (clique no link para ler), de Stephen Kanitz, publicado na edição 1717 da Revista Veja em 12 de Setembro de 2001, devo tecer alguns comentários.

Kanitz, ironizando a costumeira frase "não se fazem mais jovens como antigamente", comparou os jovens da atual geração com os jovens brasileiros do passado, que viveram a luta contra a ditadura e que se identificavam politicamente, uns com a esquerda, outros com a direita. Esses jovens, segundo o autor, não obtiveram êxito nos seus ideais e muitos hoje exercem funções fora do padrão que pregavam. Ao contrário desses jovens, os estudantes de Harvard da mesma geração (anos 70), igualmente jovens, não faziam outra coisa senão estudar, não tinham tempo para a política, apenas para alguns trabalhos voluntários. Hoje, ao contrário dos jovens brasileiros, esses estudiosos ganham milhões de dólares, estão bem de vida e ajudam o terceiro setor com suas doações. Supostamente, fazem mais do que aqueles que tanto falaram em fazer e nada fizeram. Ao final do texto, um elogio: os jovens de hoje tendem a ser menos interessados em política e mais voltados a ações concretas, como os intelectuais de Harvard, portanto são melhores dos que o jovens do passado.

Diante disso, são várias as perguntas que carecem de respostas para mais esclarecimentos acerca de uma tal comparação. Vamos a elas: será que os contextos dos dois países citados, um em plena ditadura e outro em meio à Guerra Fria, são passíveis de comparação direta? O que confere aos jovens estudiosos de Harvard mais méritos que os jovens brasileiros empenhados na luta antiditatorial? Seria o sucesso obtido no mundo do trabalho? Seria a coerência dos próprios discursos com as ações praticadas? Por que os jovens brasileiros não obtiveram uma realização semelhante? É possível dizer que todos aqueles jovens que lutaram contra a ditadura fracassaram em suas vidas? É válido afirmar que todos estes mesmos jovens foram incoerentes com os próprios discursos? Qual o sentido que os jovens intelectuais de Harvard atribuiam ao mundo e à própria existência? Seria o mesmo sentido experimentado pelos jovens brasileiros? Finalmente, qual a experiência existencial experimentada pelos jovens de hoje? Seriam mais interessados em viver? Encontram-se engajados nas próprias comunidades? Valorizam as próprias famílias? Têm sonhos, desejos ou prospectivas futuras positivas? É possível afirmar que a geração dos jovens de hoje "está com tudo" e já superou o vazio profetizado por Nietzsche, Kierkegaard e Kafka, dentre outros pensadores?

Em contraste com o que afirmou Kanitz, não creio ser essa a geração de jovens que predomina hoje. Para a nossa tristeza, o que vejo é uma geração marcada pelo tecnicismo, vazia em sentido, que quer respostas e não sabe onde buscar. Em geral, são jovens acomodados e que se contentam com pouca coisa, muitos se perdendo no contato com a droga, o cigarro, o álcool e, agora, a internet. Alguns, somente alguns dentre milhões, exceptuam-se dos demais levantando e carregando a bandeira de seus desejos mais simples e genuínos.

Na contramão, Kanitz afirma que:
"[Os jovens da nova geração] não pretendem mudar o mundo, querem primeiro mudar o bairro, para depois mudar seu Estado e o país. Querem se tornar competentes para, então, até mudar o mundo, paulatinamente, ao longo da vida.
A nova geração está desencadeando uma revolução de cidadania, usando o cérebro e o coração para o voluntariado, engajando-se no terceiro setor, cada um fazendo sua parte. Não ficou somente no discurso, partiu direto para a ação".

Onde estão esses jovens da "nova geração"? Seriam os jovens de Harvard? Infelizmente, ainda não vejo uma revolução de cidadania como o autor destacou, tampouco engajamentos massivos no terceiro setor. É claro que existem muitos jovens que são verdadeiros exemplos nesse sentido, mas estão longe de ser maioria. Não quero ignorar a experiência de muitos jovens que dão a vida pela própria gente, mesmo em ações simples e dignas de nota, porém, enquanto não forem maioria, quantitativa mesmo, não posso caracterizar a geração atual como fez Kanitz.

Eu concordo com o autor no que diz respeito ao método, isto é, que cada um deve fazer a sua parte e, ao invés de pretender mudar o mundo, devem primeiro mudar o bairro, a cidade e conseqüentemente o país. Certamente é mais louvável elogiar resultados do que discursos ocos, portanto, também desejo que os jovens se empenhem concretamente no sentido de fazer o que lhes cabe, a começar do cuidado com a família, já bastante destruída e desmantelada. Todavia, sejamos honestos, há ainda muito por fazer para que os jovens de hoje sejam reconhecidos como parte de uma geração que "está com tudo".

Como diria Rollo May, renomado psicólogo norte-americano, o homem precisa encontrar-se em meio ao vazio marcante da modernidade e elevar um senso crítico capaz de fortalecer a consciência de si mesmo e evitar o predomínio de ideais ocos ou ainda os totalitarismos. Um passo é, portanto, a autoconsciência; outro passo, a consciência de que somos seres políticos e portanto abertos para o mundo e capazes de amar. Quem atinge esse nível de consciência pode exercer os trabalhos que quiser e tenderá a doar-se com autenticidade e espontaneidade encarando cada desafio em primeira pessoa.

No entanto, é interessante notar que Kanitz faz referência aos estudiosos de Harvard como "seres apolíticos" que ajudam o mundo por doar milhões de dólares ao terceiro setor. Bobagem. De que adianta doar milhões e se orgulhar da filantropia se estes mesmos que doam, os ditos seres "apolíticos", não conhecem a realidade que supostamente ajudam? Certamente, não é sem significado a ajuda de milhões de dólares a projetos sociais, mas esse exemplo só reforça a idéia inicial de que a geração das últimas décadas, na qual me incluo, cresceu sem o devido desenvolvimento crítico sobre a própria existência. Estava mais preocupada em ganhar seus milhões e a se sustentar em um mundo caótico e à beira da destruição.

Apesar disso, prefiro olhar com esperança e acreditar que podemos sim mudar o mundo, a começar de nós. Aguçando o senso crítico, adquirindo autoconsciência e interagindo com a realidade na qual vivemos, é possível sair dos vícios que tendem ao aprisionamento do eu e descobrir o valor das relações através de atos de amor concreto. É nesse jeito de ser que acredito e é este o meu ideal político através do qual baseio a minha ação e dou sentido à minha vida.





Continue lendo

19.6.11

Pela preservação das florestas!

Reforço agora a campanha contra o novo Código (des)Florestal!!! Não podemos permitir que o poder financeiro prevaleça sobre o direito à vida de milhares de indígenas que dependem da floresta nem tampouco que tal poder destrua o ecossistema mundial em nome de poucos!

Hoje, 19 de junho de 2011, é o dia em que o Brasil se manifesta pela preservação das nossas florestas! Em São Paulo, haverá uma manifestação no vão livre do MASP a partir das 14:30 e, no Rio de Janeiro, já acontece uma concentração no Posto 6 com o "Rio em bloco contra o desmatamento". Mesmo daqui de Fortaleza, estou unido a cada um dos participantes! Preserve a Floresta brasileira! Vamos juntos dizer NÃO ao novo Código Florestal e à Usina de Belo Monte!

O Movimento Brasil pelas Florestas conta com a participação de todos nós para evitar a aprovação de um crime ambiental sem proporções calculáveis. Reproduzo abaixo o vídeo preparado para este dia, com as presenças de Paulo Vilhena, Kássia Kiss, Paulo Pasquim, Thaila Ayala e Adriana Esteves.

Manifeste-e você também! Venha celebrar a Vida e a Natureza!




Continue lendo

30.5.11

A importância de um marco regulatório para a comunicação

A mídia brasileira necessita de um marco regulatório que a regimente. Essa foi uma das bandeiras mais discutidas no I Encontro de Blogueiros e Mídias Sociais do Ceará, realizado neste último final de semana. Colocou-se em relevo que ainda não existem leis atualizadas que permitam uma regulamentação do setor. Fica a pergunta: qual a importância disso?

É de notório saber que o poder da mídia é de grandes dimensões, haja vista o impacto psicológico e social que gera nas pessoas. Por isso mesmo é preciso ter regras. Não se pode pensar que fazer mídia signifique transmitir ou publicar qualquer coisa, à revelia da ética e do cuidado à dignidade humana. Neste ponto, uma observação importante: enquanto a Constituição Federal de 1988 trabalha com a presunção da inocência, infelizmente o que se verifica na grande mídia é que esta trabalha com a presunção de culpa. Em outras palavras, o risco de tal poder é a destruição pela comunicação. Se a mídia quiser, acaba com a vida de alguém expondo-a na proporção que ela julgar necessária até o ponto em que um direito de resposta já não seria de grande valia. Trabalhar com a presunção de culpa é o mesmo que dizer que se a mídia julga alguém culpado, mesmo sem uma avaliação legal, este "é" culpado e esta o tratará assim até que se mostre o contrário. O problema é que quando o contrário vem à tona já é tarde e o estrago já está feito.

Há quem compare o poder da mídia ao poder ditatorial, afinal, é um poder que se concentra nas mãos de poucos, que decidem o que deve circular definindo os momentos, as formas e as circunstâncias de cada conteúdo. De outro lado, há quem tema que uma regulação da mídia mine a liberdade de expressão, mesmo em um contexto no qual a liberdade de expressão das grandes mídias é a liberdade de poucos sobre muitos. Nesse ínterim, limito-me a afirmar que a verdadeira liberdade de expressão é a que abre o espaço para os ditos e os contraditos, que não se restringe a um ponto de vista limitado. Ademais, se não existem regras para a comunicação social, a liberdade do mais forte se sobrepõe à liberdade do mais fraco.

Eis porque se faz necessária uma regulamentação da comunicação. É preciso garantir a todos os cidadãos o direito à comunicação e a possibilidade de escolher o que quer ver; é preciso garantir o acesso à internet com banda larga para todos; além de ser urgente a luta pela verdadeira liberdade de expressão. Juntamente com outros milhares de blogs Brasil afora, estou junto nesta luta por uma comunicação mais fluida e democrática entre todos os cidadãos. Faça a sua crítica, reflita e levante esta bandeira!





Continue lendo

29.5.11

A arte e a poesia

A vida é arte… o artista não a cria, se ela já está criada, mas a recria com o seu talento; repinta-a, mas não a substitui; complementa-a, mas não faz dela qualquer coisa de novo ou não criado… o artista é observador do que está manifestado. Criador tão-somente de termos ou formas que descrevam esse manifestado, sem, por isso, apossar-se da arte. A arte não é de alguém, mas do contexto da vida, assim como a vida é a arte.

Nesse ínterim, não é demais dizer: a mente do artista é aquela que, por excelência, revela a arte, que envolve diversas formas de expressão. Arte diversa a ponto de ser verificada nos tons da música, nos versos da poesia, nos traços e formas da pintura e das artes plásticas, nos gestos do teatro e do cinema e nos experimentos que hoje congregam tantos modos de expressão artística.

A arte é vida e o artista é expressador dessa vida. Como vivente, ele sente, assimila e descreve a arte à sua maneira, mas parte da vida, parte da visão do mundo e do que perpassa o seu mundo vivido (lebeswelt), lançando o seu olhar sobre ele. A vida prescinde de quem a viva, assim como a arte prescinde do artista.

O poeta, também ele artista, faz da arte (logo, da vida) expressão do vivido através das letras. A poesia é, por assim dizer, a arte da expressão literária do mundo. Não é a única forma de expressão literária, mas é aquela que, por excelência, colhe do mundo palavras que adquirem significados que estão potencialmente além dos que esta própria comunica em suas letras. Na poesia, uma única palavra é capaz de dizer mais do que muitas frases e parágrafos juntos. Eis por que é possível dizer que fazer poesia implica revelar o mundo através de palavras que traduzem a vida a partir de quem a viva e a sente. Não é tarefa fácil, mas o verdadeiro poeta transforma o que sente em versos, assim como faz o pintor com suas telas e o compositor com suas músicas.

E assim, na arte (e por meio dela), a vida se manifesta…


Continue lendo

4.5.11

Como festejar a morte de uma pessoa?

A nação norte-americana vibrou! Festejou à valer como se tivesse vencido um campeonato importante durante a madrugada desta última segunda-feira. Uma festa que ainda continua! Hoje saiu uma notícia de que chegaram ao ponto de confeccionar peças de roupas e outros objetos com estampas destacando a alegria pela morte de Bin Laden. Como alguém pode festejar a morte de uma pessoa de maneira tão efusiva?

Por acaso a morte de Bin Laden resolveu os problemas? Segundo o presidente dos Estados Unidos, "a justiça foi feita". Perguntemo-nos: como se faz justiça? É possível eliminar o mal matando alguém? Estamos realmente livres do mal com o morte de Bin Laden? A julgar pelo tamanho da festa em território norte-americano, sim; mas a julgar com a inteligência que lhes parece faltar nesses momentos, não. O mundo continua o mesmo, com ou sem Bin Laden, pois o mal não é fruto de uma só pessoa; tem raízes bem mais profundas e o que ele fez outros podem fazer.

O atentado às torres gêmeas e ao pentágono, orquestrado pela organização comandada por Bin Laden, foi, sem dúvida, um estrondoso crime contra a humanidade. No entanto, o ato dos Estados Unidos revela a prepotência de uma cultura que se acha salvadora do mundo e com o direito de invadir países com o motivo que julgar correto e oportuno. O que eles fizeram abre novos e perigosos precedentes de violação de direitos humanos, uma vez que a ação realizada no Paquistão pode ser feita em qualquer lugar, como já demonstrado no Iraque e no Afeganistão recentemente.

Os Estados Unidos utilizaram a força militar numa ação unilateral, sem aliança com outros países, em território estrangeiro. Em outras palavras, invadiram a casa de uma pessoa em um outro país e a assassinaram. Por que não capturaram Bin Laden e sua trupe para melhor conhecer as causas que os levaram a cometer os atos de terrorismo? Certamente, a Al Qaeda poderia ser melhor conhecida com uma investigação mais detalhada feita com o próprio Bin Laden, que diziam ser o comandante principal. No entanto, ele foi sumariamente executado, eliminado, num ato tão covarde quanto o que o próprio cometeu comandando o atentado às torres gêmeas e ao pentágono.

O terrorista mais procurado está morto, mas não há o que festejar. Afinal, sangue não pede mais sangue e a paz não precisa da guerra. Onde iremos parar se continuar assim?


Continue lendo

2.5.11

29.4.11

Tem Brasil no Rio!

Blu é uma arara azul que não sabe voar, mas que vive uma aventura com muito samba. O filme Rio é uma animação produzida pelo mesmo diretor de A Era do Gelo, o brasileiro Carlos Saldanha, e reproduz a cidade maravilhosa com gráficos surpreendentes, cheio de brilho e muita cor. É perfeito para a diversão de gente de todas as idades.

Surpreende em Rio a representação da cultura brasileira, sobretudo a carioca, marcada pela irreverência e a espontaneidade em uma terra de contrastes naturais e sociais. O filme Rio destaca as belezas da cidade homenageada, mas não esconde as problemáticas presentes, como a influência e o poder do tráfico. Consegue contar uma história divertida colocando em relevo alguns traços da cultura local de maneira leve e prazeirosa. É uma ótima pedida para relaxar e curtir após um dia intenso e estressante.

O filme está cartaz em salas de todo o mundo nas versões 2D e 3D. Confira o trailer e garanta o seu ingresso!






Continue lendo

27.4.11

Por uma cultura da unidade!

O homem está em crise. Desnorteado, vive uma cultura que o faz fechar-se ainda mais em sua própria experiência, matando as relações e limitando o convívio social. Parafraseando Rollo May, o homem deve caminhar numa "busca a si mesmo", reconhecendo porém que tal busca não pode fechá-lo ao contato com o outro e com o mundo. A crise do homem de hoje se encontra na cultura predominante, que incita a ética do "eu sozinho", da autonomia e do consumo, na qual o mesmo homem se destrói, levando consigo a Criação. Faz-se necessária, portanto, uma nova cultura!

Uma cultura capaz de perceber o valor do outro, na qual prevaleça o respeito, a harmonia e o amor. Uma cultura na qual o diferente é considerado sem ser excluído, onde os fracos têm vez e voz. Numa cultura assim,  a vida é uma viagem, um processo: é história que se faz em fatos construtivos, e não destrutivos.

Precisamos recuperar os laços de confiança com cada ser que passa ao nosso lado e acreditar que somente assim o mundo e a cultura podem se reconstruir numa rede fraterna onde impera o Amor. Mas o que é o Amor? A palavra "Amor" implica o dom de si, que por sua vez implica o encontro para algo ou alguém fora do próprio eu no reconhecimento de um tu. Amar é doar o próprio olhar, a própria escuta e lançar-se. É, portanto, uma tarefa árdua e nem sempre fácil, que requer um amplo senso de liberdade e uma forte consciência do sentido da própria existência. Para amar, precisamos estar inteiros, saudáveis e dispostos a encontrar no outro uma razão maior para viver a vida.

A cultura, com seus múltiplos contornos, depende de nós, realiza-se em nós e é marcada por nossas ações. Para mudá-la, portanto, é necessário o nosso empenho. Não basta somente criticar, mas é preciso, antes de mais nada, reconhecer em nós mesmos a necessidade de mudança. Criticar os políticos ou aqueles que roubam, matam e destróem não é o bastante se não reconhecemos que em nós também existe uma certa dose destrutiva quando não respeitamos o outro e quando ferimos as nossas relações. A lei existe para auxiliar o homem neste intuito, mas a moral é do homem e deve ser vivida com consciência por cada um de nós.

É nesse sentido que defendo uma cultura da unidade. Não para afirmar uma igualdade comunista, nem tampouco para deixar que direitos e necessidades humanas sejam desrespeitadas em favor de interesses limitados. Uma cultura da unidade faz-se necessária para que os homens possam reencontrar uma convivência harmoniosa com seus pares e com a natureza. Somos todos resultantes da poeira cósmica espalhada em milhões de anos e filhos da mesma Terra, embora sejamos tão diferentes um do outro. Por uma cultura da unidade, vivamos o Amor verdadeiro!


Continue lendo

11.4.11

A Criação geme...

Poluição, desmatamento, caça e pesca predatória, aquecimento climático. Esses são alguns dos problemas vividos pela humanidade hoje. O que estamos fazendo? Qual a nossa ação para a manutenção da vida na terra?

Neste videoclip de Michael Jackson, "Earth Song", são colocadas várias perguntas que cabem e interessam à nossa discussão. A vida na terra depende de nós!




Earth Song



What about sunrise?

What about rain?

What about all the things

That you said we were to gain?
What about killing fields?
Is there a time
What about all the things
That you said was yours and mine?
Did you ever stop to notice
All the blood we've shed before?
Did you ever stop to notice
This crying Earth, its' weeping shore?

What have we've done to the world?
Look what we've done
What about all the peace?
That you pledge your only son?
What about flowering fields?
Is there a time
What about all the dreams
That you said was yours and mine?
Did you ever stop to notice
All the children dead from war?
Did you ever stop to notice
This crying Earth, its' weeping shore?

I used to dream
I used to glance beyond the stars
Now I don't know where we are
Although I know we've drifted far

Hey, what about yesterday?
(What about us?)
What about the seas?
(What about us?)
Heavens are falling down?
(What about us?)
I can't even breathe?
(What about us?)
What about apathy?
(What about us?)
I need you?
(What about us?)
What about nature's worth?

It's our planet's womb?
(What about us?)
What about animals?
(What about it?)
Turn kingdom to dust?
(What about us?)
What about elephants?
(What about us?)
Have we lost their trust?
(What about us?)
What about crying whales?
(What about us?)
Ravaging the seas?
(What about us?)
What about forest trails?

Burnt despite our pleas?
(What about us?)
What about the holy land?
(What about it?)
Torn apart by greed?
(What about us?)
What about the common man?
(What about us?)
Can't we set him free?
(What about us?)
What about children dying?
(What about us?)
Can't you hear them cry?
(What about us?)
Where did we go wrong?

Someone tell me why?
(What about us?)
What about baby boy?
(What about it?)
What about the days?
(What about us?)
What about all their joy?
(What about us?)
What about the man?
(What about us?)
What about the crying man?
(What about us?)
What about Abraham?
(What about us?)
What about death again?

Do we give a damn?

Canção da Terra



O que aconteceu com o nascer do sol?

O que aconteceu com a chuva?

O que aconteceu com todas as coisas,

Que você disse que iríamos ganhar?
O que aconteceu com os campos de extermínio?
Essa é a hora.
O que aconteceu com todas as coisas,
Que você disse que eram nossas?
Você já parou para pensar em
Todo o sangue derramado antes de nós?
Você já parou para pensar que
A Terra e os mares estão chorando?

O que fizemos para o mundo?
Olhe o que fizemos.
O que aconteceu com toda a paz?
Que você prometeu a seu único filho?
O que aconteceu com os campos floridos?
Essa é a hora.
O que aconteceu com todos os sonhos
Que você disse serem nossos?
Você já parou pra pensar,
Sobre todas as crianças mortas pela a guerra?
Você já parou para pensar que
A Terra e os mares estão chorando?

Eu costumava sonhar
Costumava viajar além das estrelas
Agora já não sei onde estamos
Embora saiba que fomos muitos longe

O que aconteceu com o passado?
(O que aconteceu conosco?)
O que aconteceu com os mares?
(O que aconteceu conosco?)
O céu está caindo
(O que aconteceu conosco?)
Não consigo nem respirar
(O que aconteceu conosco?)
E a apatia?
(O que aconteceu conosco?)
Eu preciso de você.
(O que aconteceu conosco?)
E o valor da natureza?

É o ventre do nosso planeta.
(O que aconteceu conosco?)
E os animais?
(O que aconteceu conosco?)
Fizemos de reinados, poeira.
(O que aconteceu conosco?)
E os elefantes?
(O que aconteceu conosco?)
Perdemos a confiança deles?
(O que aconteceu conosco?)
E as baleias chorando?
(O que aconteceu conosco?)
Estamos destruindo os mares
(O que aconteceu conosco?)
E as florestas?

Queimadas, apesar dos apelos
(O que aconteceu conosco?)
E a terra prometida?
(O que aconteceu conosco?)
Dilacerada pela ganância
(O que aconteceu conosco?)
E o homem comum?
(O que aconteceu conosco?)
Não podemos libertá-lo?
(O que aconteceu conosco?)
E as crianças morrendo?
(O que aconteceu conosco?)
Não consegue ouvi-las chorar?
(O que aconteceu conosco?)
O que fizemos de errado?

Alguém me fale o porquê
(O que aconteceu conosco?)
E os bebês?
(O que aconteceu conosco?)
E os dias?
(O que aconteceu conosco?)
E toda a alegria?
(O que aconteceu conosco?)
E o homem?
(O que aconteceu conosco?)
O homem chorando?
(O que aconteceu conosco?)
E Abraão?
(O que aconteceu conosco?)
E a morte de novo?

A gente se importa?


Continue lendo

O homem

"Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã."

Thiago de Mello, em Os Estatutos do Homem, 1964.
Continue lendo

9.4.11

Armas NÃO! Sou contra!

Sou contra qualquer tipo de armas e qualquer instrumento que sirva para alimentar a violência. Só essa frase bastaria para resumir o que penso sobre o assunto. No entanto, acrescentarei outras para reforçar o meu ponto de vista de maneira simples e direta.

Armas foram feitas para o ataque do ser humano sobre outros seres, sejam eles humanos ou não. Se esse ataque é para ferir ou matar, não interessa por princípio, mas as armas, quando usadas, servem como instrumento de intervenção de um ser sobre outro. Pode ser para abater um animal, para uma caça, ferir outras pessoas com o argumento de defesa pessoal ou coletiva e até mesmo matar. Armas não foram feitas para construir a paz, mas para satisfazer a necessidade tipicamente humana de sobrevivência. Há ainda quem diga que servem para diversão e esporte. Todavia, quando se trata da intervenção de um ser sobre outro, um  detalhe importante é que as ditas armas de fogo têm um poder a mais: quem a usa não precisa intervir corporalmente, envolvendo-se numa luta, por exemplo; ela é rápida e muitas vezes prática. As armas de fogo são, portanto, um meio de guerra, mesmo quando usadas sob a alegação de defesa pessoal por um cidadão comum. Armas, sobretudo armas de fogo, são instrumentos totalmente dispensáveis para uma vida digna em sociedade. Representam apenas mais um supérfluo material que a história criou e evoluiu através das guerras entre tribos e nações, hoje tão comuns em nossas cidades.

Em meio à discussão hoje em voga por conta do massacre de Realengo no Rio de Janeiro, no qual morreram 12 crianças indefesas, é preciso refletir sobre o uso de armas de fogo nas mãos de civis. Porém, sugiro que possamos ir mais além: é preciso refletir sobre a necessidade da indústria das armas, sobre o propósito das armas e de sua (f)utilidade.

Sabendo que a lei hoje prevê venda de armas sob critérios rigorosos, entre eles a avaliação psicológica, conclamo aos meus colegas psicólogos que não aceitem participar de avaliações psicológicas para candidatos à aquisição e porte de armas de fogo. Quem faz isso concorda com a existência de armas em nossa sociedade e fomenta a indústria de armamentos, uma das mais rentáveis no mundo hoje.

Ainda que pareça utópico e distante, prefiro acreditar num mundo sem armas, filtrado das indústrias que contaminam a terra com seu poder bélico. Com isso, não distingo entre armas nas mãos de civis ou de militares. Simplesmente sou contra qualquer arma e a favor do fim dessa indústria criminosa.


Continue lendo

8.4.11

Mas a vida, o que é?

A vida pode parecer ameaçada ou até ameaçadora, mas já nos deu motivos para acreditar que podemos perceber nela uma dádiva que vale a pena ser vivida. O que é a vida? A vida é um mistério, a maior maravilha,  um verdadeiro presente, mas tudo depende de como a percebemos e de como a experimentamos. O Brasil, que já cantou com Gonzaguinha a beleza da vida, não pode se esquecer de uma de suas mais belas canções enquanto vai se modernizando. Tampouco pode deixar-se levar pela onda trágica que parece invadir o mundo. Ao contrário, deve erguer-se e estufar o peito de alegria para cantar com o mundo o grande dom da vida.
Então, meus irmãos e irmãs, vamos viver, cantar e não ter vergonha de ser feliz! Somente o Amor pode mudar o mundo e nos fazer perceber o quanto é belo este lugar!

Continue lendo

7.4.11

Eu acredito no Amor!

Tantas vezes caminho pelas ruas de minha cidade e vejo a gente que sofre na severa luta pela sobrevivência. Ora, essa gente sou eu! Sou eu na busca por trabalho, sou eu na necessidade de comida e proteção. Sou eu! Essa gente sofre. Eis onde mora o perigo: o homem é capaz de tudo para a própria subsistência, mesmo que isso implique passar por cima de outros, desconfiar de um amigo, matar crianças inocentes em escolas, construir usinas nucleares com fins econômico-políticos e destruir grandes ideais em detrimento de fugacidades.

Quando na vida nada mais há sentido além da própria necessidade de sobreviver a qualquer custo, tornamo-nos atores da destruição. Nesse contexto, destrói-se a família e nada mais há sentido além do próprio eu. Se, ao invés, descobrimos no outro a razão de nossa vida, o Amor predomina, cria e transforma. Por isso que prefiro acreditar que "apesar de você, amanhã há de ser outro dia". Vivendo o Amor concreto, no dia-a-dia, podemos descobrir a beleza presente em cada momento de nossa vida, não obstante as fragilidades humanas.

Apesar de todas as mazelas do mundo hoje e da coleção de desgraças a que estamos acostumados a ver através dos telejornais, da internet e outros meios, prefiro cantar com o bom e velho Chico, afinal a vida e tudo o que ela comporta depende de nós e de nossa abertura para o mundo e para o outro.

A humanidade já superou inúmeras dificuldades e, mesmo que hoje pareça caminhar para uma auto-destruição, é capaz de se encontrar também nessa e crescer. O caminho, para isso, é o Amor!

"Apesar de você" é um canto às possibilidades de mudança, no qual o homem revela seu movimento e dinamismo na constante luta por um mundo mais sadio e digno de se viver, afinal, apesar das pessoas que ainda se deixam levar pela onda destruidora do mundo, podemos sempre ir contra a corrente. Faça a sua parte e cante a essas pessoas, comigo e com Chico Buarque, por um mundo melhor!

É só dar o play!


Continue lendo