Textos e reflexões de Rodrigo Meireles

29.4.11

Tem Brasil no Rio!

Blu é uma arara azul que não sabe voar, mas que vive uma aventura com muito samba. O filme Rio é uma animação produzida pelo mesmo diretor de A Era do Gelo, o brasileiro Carlos Saldanha, e reproduz a cidade maravilhosa com gráficos surpreendentes, cheio de brilho e muita cor. É perfeito para a diversão de gente de todas as idades.

Surpreende em Rio a representação da cultura brasileira, sobretudo a carioca, marcada pela irreverência e a espontaneidade em uma terra de contrastes naturais e sociais. O filme Rio destaca as belezas da cidade homenageada, mas não esconde as problemáticas presentes, como a influência e o poder do tráfico. Consegue contar uma história divertida colocando em relevo alguns traços da cultura local de maneira leve e prazeirosa. É uma ótima pedida para relaxar e curtir após um dia intenso e estressante.

O filme está cartaz em salas de todo o mundo nas versões 2D e 3D. Confira o trailer e garanta o seu ingresso!






Continue lendo

27.4.11

Por uma cultura da unidade!

O homem está em crise. Desnorteado, vive uma cultura que o faz fechar-se ainda mais em sua própria experiência, matando as relações e limitando o convívio social. Parafraseando Rollo May, o homem deve caminhar numa "busca a si mesmo", reconhecendo porém que tal busca não pode fechá-lo ao contato com o outro e com o mundo. A crise do homem de hoje se encontra na cultura predominante, que incita a ética do "eu sozinho", da autonomia e do consumo, na qual o mesmo homem se destrói, levando consigo a Criação. Faz-se necessária, portanto, uma nova cultura!

Uma cultura capaz de perceber o valor do outro, na qual prevaleça o respeito, a harmonia e o amor. Uma cultura na qual o diferente é considerado sem ser excluído, onde os fracos têm vez e voz. Numa cultura assim,  a vida é uma viagem, um processo: é história que se faz em fatos construtivos, e não destrutivos.

Precisamos recuperar os laços de confiança com cada ser que passa ao nosso lado e acreditar que somente assim o mundo e a cultura podem se reconstruir numa rede fraterna onde impera o Amor. Mas o que é o Amor? A palavra "Amor" implica o dom de si, que por sua vez implica o encontro para algo ou alguém fora do próprio eu no reconhecimento de um tu. Amar é doar o próprio olhar, a própria escuta e lançar-se. É, portanto, uma tarefa árdua e nem sempre fácil, que requer um amplo senso de liberdade e uma forte consciência do sentido da própria existência. Para amar, precisamos estar inteiros, saudáveis e dispostos a encontrar no outro uma razão maior para viver a vida.

A cultura, com seus múltiplos contornos, depende de nós, realiza-se em nós e é marcada por nossas ações. Para mudá-la, portanto, é necessário o nosso empenho. Não basta somente criticar, mas é preciso, antes de mais nada, reconhecer em nós mesmos a necessidade de mudança. Criticar os políticos ou aqueles que roubam, matam e destróem não é o bastante se não reconhecemos que em nós também existe uma certa dose destrutiva quando não respeitamos o outro e quando ferimos as nossas relações. A lei existe para auxiliar o homem neste intuito, mas a moral é do homem e deve ser vivida com consciência por cada um de nós.

É nesse sentido que defendo uma cultura da unidade. Não para afirmar uma igualdade comunista, nem tampouco para deixar que direitos e necessidades humanas sejam desrespeitadas em favor de interesses limitados. Uma cultura da unidade faz-se necessária para que os homens possam reencontrar uma convivência harmoniosa com seus pares e com a natureza. Somos todos resultantes da poeira cósmica espalhada em milhões de anos e filhos da mesma Terra, embora sejamos tão diferentes um do outro. Por uma cultura da unidade, vivamos o Amor verdadeiro!


Continue lendo

11.4.11

A Criação geme...

Poluição, desmatamento, caça e pesca predatória, aquecimento climático. Esses são alguns dos problemas vividos pela humanidade hoje. O que estamos fazendo? Qual a nossa ação para a manutenção da vida na terra?

Neste videoclip de Michael Jackson, "Earth Song", são colocadas várias perguntas que cabem e interessam à nossa discussão. A vida na terra depende de nós!




Earth Song



What about sunrise?

What about rain?

What about all the things

That you said we were to gain?
What about killing fields?
Is there a time
What about all the things
That you said was yours and mine?
Did you ever stop to notice
All the blood we've shed before?
Did you ever stop to notice
This crying Earth, its' weeping shore?

What have we've done to the world?
Look what we've done
What about all the peace?
That you pledge your only son?
What about flowering fields?
Is there a time
What about all the dreams
That you said was yours and mine?
Did you ever stop to notice
All the children dead from war?
Did you ever stop to notice
This crying Earth, its' weeping shore?

I used to dream
I used to glance beyond the stars
Now I don't know where we are
Although I know we've drifted far

Hey, what about yesterday?
(What about us?)
What about the seas?
(What about us?)
Heavens are falling down?
(What about us?)
I can't even breathe?
(What about us?)
What about apathy?
(What about us?)
I need you?
(What about us?)
What about nature's worth?

It's our planet's womb?
(What about us?)
What about animals?
(What about it?)
Turn kingdom to dust?
(What about us?)
What about elephants?
(What about us?)
Have we lost their trust?
(What about us?)
What about crying whales?
(What about us?)
Ravaging the seas?
(What about us?)
What about forest trails?

Burnt despite our pleas?
(What about us?)
What about the holy land?
(What about it?)
Torn apart by greed?
(What about us?)
What about the common man?
(What about us?)
Can't we set him free?
(What about us?)
What about children dying?
(What about us?)
Can't you hear them cry?
(What about us?)
Where did we go wrong?

Someone tell me why?
(What about us?)
What about baby boy?
(What about it?)
What about the days?
(What about us?)
What about all their joy?
(What about us?)
What about the man?
(What about us?)
What about the crying man?
(What about us?)
What about Abraham?
(What about us?)
What about death again?

Do we give a damn?

Canção da Terra



O que aconteceu com o nascer do sol?

O que aconteceu com a chuva?

O que aconteceu com todas as coisas,

Que você disse que iríamos ganhar?
O que aconteceu com os campos de extermínio?
Essa é a hora.
O que aconteceu com todas as coisas,
Que você disse que eram nossas?
Você já parou para pensar em
Todo o sangue derramado antes de nós?
Você já parou para pensar que
A Terra e os mares estão chorando?

O que fizemos para o mundo?
Olhe o que fizemos.
O que aconteceu com toda a paz?
Que você prometeu a seu único filho?
O que aconteceu com os campos floridos?
Essa é a hora.
O que aconteceu com todos os sonhos
Que você disse serem nossos?
Você já parou pra pensar,
Sobre todas as crianças mortas pela a guerra?
Você já parou para pensar que
A Terra e os mares estão chorando?

Eu costumava sonhar
Costumava viajar além das estrelas
Agora já não sei onde estamos
Embora saiba que fomos muitos longe

O que aconteceu com o passado?
(O que aconteceu conosco?)
O que aconteceu com os mares?
(O que aconteceu conosco?)
O céu está caindo
(O que aconteceu conosco?)
Não consigo nem respirar
(O que aconteceu conosco?)
E a apatia?
(O que aconteceu conosco?)
Eu preciso de você.
(O que aconteceu conosco?)
E o valor da natureza?

É o ventre do nosso planeta.
(O que aconteceu conosco?)
E os animais?
(O que aconteceu conosco?)
Fizemos de reinados, poeira.
(O que aconteceu conosco?)
E os elefantes?
(O que aconteceu conosco?)
Perdemos a confiança deles?
(O que aconteceu conosco?)
E as baleias chorando?
(O que aconteceu conosco?)
Estamos destruindo os mares
(O que aconteceu conosco?)
E as florestas?

Queimadas, apesar dos apelos
(O que aconteceu conosco?)
E a terra prometida?
(O que aconteceu conosco?)
Dilacerada pela ganância
(O que aconteceu conosco?)
E o homem comum?
(O que aconteceu conosco?)
Não podemos libertá-lo?
(O que aconteceu conosco?)
E as crianças morrendo?
(O que aconteceu conosco?)
Não consegue ouvi-las chorar?
(O que aconteceu conosco?)
O que fizemos de errado?

Alguém me fale o porquê
(O que aconteceu conosco?)
E os bebês?
(O que aconteceu conosco?)
E os dias?
(O que aconteceu conosco?)
E toda a alegria?
(O que aconteceu conosco?)
E o homem?
(O que aconteceu conosco?)
O homem chorando?
(O que aconteceu conosco?)
E Abraão?
(O que aconteceu conosco?)
E a morte de novo?

A gente se importa?


Continue lendo

O homem

"Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã."

Thiago de Mello, em Os Estatutos do Homem, 1964.
Continue lendo

9.4.11

Armas NÃO! Sou contra!

Sou contra qualquer tipo de armas e qualquer instrumento que sirva para alimentar a violência. Só essa frase bastaria para resumir o que penso sobre o assunto. No entanto, acrescentarei outras para reforçar o meu ponto de vista de maneira simples e direta.

Armas foram feitas para o ataque do ser humano sobre outros seres, sejam eles humanos ou não. Se esse ataque é para ferir ou matar, não interessa por princípio, mas as armas, quando usadas, servem como instrumento de intervenção de um ser sobre outro. Pode ser para abater um animal, para uma caça, ferir outras pessoas com o argumento de defesa pessoal ou coletiva e até mesmo matar. Armas não foram feitas para construir a paz, mas para satisfazer a necessidade tipicamente humana de sobrevivência. Há ainda quem diga que servem para diversão e esporte. Todavia, quando se trata da intervenção de um ser sobre outro, um  detalhe importante é que as ditas armas de fogo têm um poder a mais: quem a usa não precisa intervir corporalmente, envolvendo-se numa luta, por exemplo; ela é rápida e muitas vezes prática. As armas de fogo são, portanto, um meio de guerra, mesmo quando usadas sob a alegação de defesa pessoal por um cidadão comum. Armas, sobretudo armas de fogo, são instrumentos totalmente dispensáveis para uma vida digna em sociedade. Representam apenas mais um supérfluo material que a história criou e evoluiu através das guerras entre tribos e nações, hoje tão comuns em nossas cidades.

Em meio à discussão hoje em voga por conta do massacre de Realengo no Rio de Janeiro, no qual morreram 12 crianças indefesas, é preciso refletir sobre o uso de armas de fogo nas mãos de civis. Porém, sugiro que possamos ir mais além: é preciso refletir sobre a necessidade da indústria das armas, sobre o propósito das armas e de sua (f)utilidade.

Sabendo que a lei hoje prevê venda de armas sob critérios rigorosos, entre eles a avaliação psicológica, conclamo aos meus colegas psicólogos que não aceitem participar de avaliações psicológicas para candidatos à aquisição e porte de armas de fogo. Quem faz isso concorda com a existência de armas em nossa sociedade e fomenta a indústria de armamentos, uma das mais rentáveis no mundo hoje.

Ainda que pareça utópico e distante, prefiro acreditar num mundo sem armas, filtrado das indústrias que contaminam a terra com seu poder bélico. Com isso, não distingo entre armas nas mãos de civis ou de militares. Simplesmente sou contra qualquer arma e a favor do fim dessa indústria criminosa.


Continue lendo

8.4.11

Mas a vida, o que é?

A vida pode parecer ameaçada ou até ameaçadora, mas já nos deu motivos para acreditar que podemos perceber nela uma dádiva que vale a pena ser vivida. O que é a vida? A vida é um mistério, a maior maravilha,  um verdadeiro presente, mas tudo depende de como a percebemos e de como a experimentamos. O Brasil, que já cantou com Gonzaguinha a beleza da vida, não pode se esquecer de uma de suas mais belas canções enquanto vai se modernizando. Tampouco pode deixar-se levar pela onda trágica que parece invadir o mundo. Ao contrário, deve erguer-se e estufar o peito de alegria para cantar com o mundo o grande dom da vida.
Então, meus irmãos e irmãs, vamos viver, cantar e não ter vergonha de ser feliz! Somente o Amor pode mudar o mundo e nos fazer perceber o quanto é belo este lugar!

Continue lendo

7.4.11

Eu acredito no Amor!

Tantas vezes caminho pelas ruas de minha cidade e vejo a gente que sofre na severa luta pela sobrevivência. Ora, essa gente sou eu! Sou eu na busca por trabalho, sou eu na necessidade de comida e proteção. Sou eu! Essa gente sofre. Eis onde mora o perigo: o homem é capaz de tudo para a própria subsistência, mesmo que isso implique passar por cima de outros, desconfiar de um amigo, matar crianças inocentes em escolas, construir usinas nucleares com fins econômico-políticos e destruir grandes ideais em detrimento de fugacidades.

Quando na vida nada mais há sentido além da própria necessidade de sobreviver a qualquer custo, tornamo-nos atores da destruição. Nesse contexto, destrói-se a família e nada mais há sentido além do próprio eu. Se, ao invés, descobrimos no outro a razão de nossa vida, o Amor predomina, cria e transforma. Por isso que prefiro acreditar que "apesar de você, amanhã há de ser outro dia". Vivendo o Amor concreto, no dia-a-dia, podemos descobrir a beleza presente em cada momento de nossa vida, não obstante as fragilidades humanas.

Apesar de todas as mazelas do mundo hoje e da coleção de desgraças a que estamos acostumados a ver através dos telejornais, da internet e outros meios, prefiro cantar com o bom e velho Chico, afinal a vida e tudo o que ela comporta depende de nós e de nossa abertura para o mundo e para o outro.

A humanidade já superou inúmeras dificuldades e, mesmo que hoje pareça caminhar para uma auto-destruição, é capaz de se encontrar também nessa e crescer. O caminho, para isso, é o Amor!

"Apesar de você" é um canto às possibilidades de mudança, no qual o homem revela seu movimento e dinamismo na constante luta por um mundo mais sadio e digno de se viver, afinal, apesar das pessoas que ainda se deixam levar pela onda destruidora do mundo, podemos sempre ir contra a corrente. Faça a sua parte e cante a essas pessoas, comigo e com Chico Buarque, por um mundo melhor!

É só dar o play!


Continue lendo