Textos e reflexões de Rodrigo Meireles

30.11.10

A fonte das prospecções

Era uma família como todas as outras, o pai e a mãe trabalhavam e os dois meninos estudavam regularmente. Saíam de casa com certa freqüência e tinham muitos amigos, que os faziam ter sempre muitas opções extras de lazer, além da corriqueira rotina.

Mas um desses meninos queria muito mais. Não bastava a sua vida comum de um menino comum no alto dos seus normais e comuns oito anos. Não servia muito saber que na sua idade a brincadeira ainda estava em voga e a ele não interessava nem mesmo saber a que nível se encontrava em meio aos seus estudos. O menino queria ser grande e procurava se encontrar sempre mais longe do que a sua imaginação permitia.

Um certo dia, estava ele defronte a uma fonte que jorrava sem parar fortes jatos d’água em três direções. Olhou para essa fonte e compenetrou-se nela; olhou-a não como um simples turista olharia, mas via cada gota de cada jato, e, na transparência dessas gotas, aquele olhar ia mais além. Via o futuro e viajava em seus sonhos que voavam naquelas gotas.

Um brilho exuberante parecia nascer daquela fonte à medida que o menino aprofundava o seu olhar. Inúmeras gotas, inúmeras idéias, inúmeras tarefas, inúmeras pessoas, inúmeros projetos. Imagens que viajavam na sua mente infantil na velocidade de cada gota que via passar. Ele estava longe, absorto nos seus pensamentos. A sua vida de menino não era o bastante para o que havia em mente. Nada mais importava senão o querer adaptar-se imediatamente a uma situação que estava além do que ele poderia realmente ser. O seu mundo estava formado e desde então idealizado em forma de gotas viajantes.

Após alguns minutos, os jatos foram aos poucos se enfraquecendo e as gotas paravam de jorrar na mesma intensidade. Também aos poucos o menino perdia forças e a energia que parecia emanar do vislumbre das gotas da fonte sumia conforme a mesma era desligada. Logo ele definhou e se foi, perdendo seus sonhos em gotas e atirando-se no martírio dos próprios desejos.


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29.11.10

Due anni all'Accademia della Sapienza!

Nel 6 ottobre 2010, poco meno di due mesi fa, ho compiuto due anni di impegno, vita e studio presso l'Istituto Universitario Sophia, localizzato nel piccolo paesino di Incisa in Val d'Arno (Loppiano), vicina a Firenza, in Italia.

Come ho potuto constatare, questi due anni hanno significato un tuffo nella Sapienza, con esperienze di dialogo intense, realizzate in momenti di studio, lezioni, eventi e pure di svago. Dopo la conclusione degli studi relativi ai vari corsi seguiti, ora mi dedico all'ellaborazione della tesi di laurea visando la presentazione della discussione per ottenere il titulo del Master all'inizio di febbraio prossimo. Sono certo che ritornerò in Brasile molto diverso di prima e che porterò alla mia amata terra un baggaglio culturale cui ricchezza non mi permette una descrizione completa.

Come forma di festeggiare questo mio periodo qui, mi piacerebbe condividere alcuni punti rilevanti di quest'esperienza. È impossibile non mettere in evidenza, ad esempio, la diversità culturale presente tra gli studenti, i docenti e gli altri lavoratori. Persone molto diverse che esperimentano tra di loro dei rapporti bellissimi ed intensi. Siamo un piccolo gruppo di studenti provenienti da più di 25 nazioni e con più di 20 formazioni accademiche diverse, caratteristica che fa di questo posto uno spazio multiculturale che costantemente ci invita al dialogo. È in questo ambiente che ho trovato persone disposte ad imparare sempre di più ed a pensare nuove prospettive per la politica, l'economia, la filosofia, la teologia e le scienze, sempre con uno sguardo transdisciplinare.

Alleando la serietà dello studio e della ricerca con le attività quotidiane, è facile percepire che l'esperienza vissuta qui presuppone un'apertura non solo per comprendere ciò che ci viene insegnato come anche per accogliere l'altro, che molte volte ha delle abitudini e pensieri ben diversi del mio. È così che l'esperienza universitaria diventa anche un'esperienza di vita. Ci si impara nell'aula, ma anche nella cucina dell'appartamento, nelle feste, nelle gite e nei momenti di sport e svago.

Un'altra esperienza assai significativa che sto vivendo in questi ultimi mesi è l'ellaborazione della tesi di laurea. Insieme al mio relatore, sto sviluppando le mie letture nel campo della Filosofia della Mente e della Psicologia Umanista-Fenomenologica, in modo a realizzare una lettura transdisciplinare per descrivere il rapporto mente-corpo circoscritto in questa recente teoria psicologica. Ogni settimana ci troviamo e cerchiamo di comprendere cosa ci dicono gli autori trovati, nell'esercizio di cogliere l'essenziale per rispondere alle domande della nostra riflessione. Tuttavia, quel che mi affascina di più, oltre il contenuto, è l'apertura esistente tra di noi. Questo è un lavoro che si vive insieme. Molto lontano della posizione di autorità, ancora presente nella maggior parte delle università europee, il rapporto professore/studente si rivela nello scambio di saperi attraverso il dialogo, dove uno arricchisce l'altro con la sua esperienza e conoscenza.

Ecco perché sento che lungo questi due anni ho potuto tuffarmi nella Sapienza. Qui, ho potuto imparare e crescere senza sfuggire la realtà, certo che Qualcuno mi accompagnava in quest'avventura. Pure con le difficoltà che ogni tanto vengono fuori, so che è possibile andare sempre avanti e che non ho bisogno di desistere dei miei sogni, né calpestarli in nome dell'immediatismo contemporaneo. È credendo in quest'esperienza che seguirò il mio cammino con più sicurezza, anche se esso possa sembrare incerto ed assai aperto. Continuerò ad aprire la strada del futuro con la speranza di trovare un mondo sempre migliore.

Finalmente, in questo momento in cui ricordo queste esperienze, vorrei anche registrare il mio sincero ringraziamento ad ogni persona che ha attraversato questo mio cammino lungo questi anni, poiché senza di esse quest'esperienza non sarebbe la stessa e non avrebbe il suo valore.

Per chi desidera sapere più informazioni circa quest'esperienza innovattiva, invito ad una visito al sito web dello IUS  e ad un'occhiata nei video del canale YouTube (vídeo in italiano e inglese).



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25.11.10

O amor explicitado em "Hable con Ella"

Ao assistir Hable con Ella, de Pedro Almodóvar, ocorre-me uma visão metafórica sobre o Amor incondicional. Um Amor que vai além de conceitos hoje tão banais. No filme, é por causa do amor que sentem por suas mulheres que dois homens se encontram no hospital e ali constróem uma amizade verdadeira capaz de suportar até os limites da dor causada pela solidão e mesmo pelo sentimento de perda. Que Amor tão banal seria esse que rejeitaria uma situação menos constrangedora, abandonando assim dois "corpos que falam”?

Almodóvar traz à tona nesse filme um conceito de Amor mais global e humano, em que a palavra também pode ser uma ferramenta de integração e aproximação. Não posso expressar-me sem sentir o meu corpo que expressa, do mesmo modo que, se a pessoa é um ser-em-relação e não existe expressão sem sentimento de corpo, o meu relacionar-se a um outro passa também por um sentir aquele outro em meu corpo. Essas expressões corporais estão muito bem relacionadas no filme com o cinema mudo, em cujas cenas mostradas se faz uma analogia com a importância do expressar do corpo. Em suma, o corpo sente, seja eu mesmo inserido nesse corpo, seja o outro com o qual me relaciono.

Numa clínica em que Benigno (Javier Cámara) trabalha e acompanha pacientes em coma, se percebe uma relação nascente de uma grande amizade entre ele e Marco (Mario Grandinetti), que em seus momentos assistiam o coma das mulheres que amavam, Alicia (Leonor Watling) e a ex-toureira Lydia (Rosario Flores), respectivamente.

Em meio à trama de um encontro e um reencontro entre os personagens, existe uma outra metáfora que pode ser contemplada: o Amor como um anseio de completude individual. Refiro-me, com isso, a um Amor que realiza, que completa, pois essa interação do corpo-expressão-do-ser deverá existir sempre, dado que não existe com o que não interagir. Desde que um corpo é fecundado, esse corpo não está alheio ao que acontece ao seu redor. Ao contrário, realiza-se no seu contínuo relacionar-se. Isso ocorre porque o corpo não é um limite ao outro, apenas é um intervalo que me permite aproximar-me desse outro.

Nesse ínterim, é impossível não perceber que a morte de Benigno não é propriamente uma morte, dado que há um completar-se com a concepção da mulher amada, outrora em coma. Essa metáfora se percebe devido ao paradoxo que existe em relação ao outro personagem que assiste passivamente a morte lenta e gradual da ex-toureira, que também se encontrava em coma. A compreensão do corpo como lugar das expressões do Ser é evidenciada justamente quando o ciclo se completa com a “pseudo-morte” de Benigno. Daí porque pensar na metáfora do Amor quando se admira este esplêndido filme de Almodóvar. Hable con Ella é um filme como poucos conseguem ser.





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22.11.10

Entre mares

O sorriso da companhia
o caloroso beijo de com-quem-saía
e o mar, do além, o mar... Oh mar!
Abraçar será
fazer-te chorar
e querer-te amar
na alegria de ser
no mar do amor
e será...

...será poesia
dizer que não podia
entregar-se no sonho que via?
E o meu, ali, o meu...
mar que é teu
marca teu
nome no meu
e serás!
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21.11.10

Como aprendi a voar

No dia que a conheci, estava eu em um enorme jardim repleto das mais variadas flores. Ao meu redor, um sem-fim de girassóis, tulipas, gérberas, rosas, jasmins e várias outras cujos nomes não conhecia. Fazia sol em um dia de céu claro e aberto e eu seguia a minha rotina de contemplador, a cada dia descobrindo uma nova flor.

No doce balançar do vento, as flores sorriam a cada movimento e, alcançando a sua beleza originária, conversavam entre si a poesia eterna. Cada uma, ao seu modo, revelava-se no seu florescer, abrindo-se para o mundo e descobrindo-se flor. Em meio a este concerto de vozes e cantos, eu me encontrava envolto numa atmosfera poética que me conduzia a uma sutil sensação de levitação. Eu queria voar e atingir o alto deixando-me levar pela poesia do lugar.

Foi assim que a conheci: ela, que já voava, deixava um colorido rastro por onde passava e se guiava de flor em flor em rápidos e ágeis movimentos. Era difícil acompanhá-la, pois parecia querer estar em todos os lugares e, em alguns momentos, a perdia de vista. Era encantadora e o meu desejo de voar pouco a pouco se projetava naquele vôo magistral que eu então acompanhava.

Em cada vôo, um desenho no ar, que destacavam os dons daquela que me roubava o olhar. Esplêndida conjunção de cores! Magnífica simetria! Aquele jardim já não era o bastante para um coração pulsante e desejoso de um sublime amor. Assim, com a força do vento e o dinamismo daquela singela borboleta, voei...


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10.11.10

O sucesso de "O Fantasma da Ópera"

Se tem uma herança que herdei de meu pai que não posso me esquecer e que admiro muito, esta herança é o gosto pelo musical "O Fantasma da Ópera", adaptação de sucesso do romance de Gaston Leroux. O cinema já conheceu algumas adaptações, mas aquela de maior sucesso é sem dúvida a obra-prima de Andrew Lloyd Weber, Charles Hart e Richard Stilgoe para a Broadway. O musical continua em apresentação quase diária desde 1986 com mais de 100 milhões de expectadores de todo o mundo e narra o drama amoroso de Christine Daaé, soprano que passa a fazer sucesso com sua bela voz e que se torna alvo da ciumenta paixão do fantasma, que se esconde nas galerias do Ópera de Paris, por Raoul, amor de infância de Christine que patrocina a prestigiosa casa de artes.

Hoje, o musical tem apresentações constantes em cinco cidades no mundo, segundo o site oficial, e em outubro deste ano alcançou a histórica de marca de 10.000 apresentações só em Londres, no Her Majesty's Theatre.

Mas, afinal, o que explica o enorme sucesso desta obra?

Não encontrei muitas referências para me auxiliar na resposta a esta pergunta, mas é impossível não destacar a força simbólica desta obra, com uma forte presença de figuras e arquétipos que dominam os personagens principais. Sem aprofundar-me na questão, destaco dois elementos importantes: o "anjo da música", que para Christine é a voz que a educa e a prepara para a sua exposição no mundo, e a figura de Raoul, que desequilibra a relação entre a soprano e o fantasma. É notória a luta de Christine entre o real e o imaginário, luta esta que atravessa a vida de todos nós.

Dito isto, convido você a compartilhar o teu ponto de vista sobre o sucesso desta obra e a saborear um pouco deste sucesso com o vídeo abaixo, onde estrelam Sarah Brightman e Steve Harley, dois dos primeiros atores do musical londrino.






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8.11.10

A coisa da coisa

Não é coisa alguma
que pode fazer a coisa coisar
Pode a coisa coisar como quiser
no tempo que lhe convier
Coisar sem rebeldias
e sem intimidações alheias

Mesmo se a coisa
não coisa por ela mesma
a coisa coisa o que foi coisado
coisando
o que parecia não querer
ou poder coisar

Até que
por uma coisa que viu
finalmente
a coisa coisa por querer
e descobre-se como coisa
enquanto coisa

Assim sendo
sem pressa
nem pressões
a coisa desvenda
a coisa da coisa
e coisa feliz
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7.11.10

Non ci sono spine senza rose

A febbraio 2010, è stata pubblicata sulla rivista Cidade Nova, in Brasile, una materia sulla mia esperienza di vita, in cui vengono messi in rilievo fatti significativi. Il giornalista Daniel Fassa, a partire da interviste realizzate a me ed a mia mamma, è riuscito a descrivere bene alcuni dei momenti più importanti in un testo al tempo stesso semplice e brillante. Ora, con gioia, condivido quest'esperienza anche in italiano.

Non ci sono spine senza rose

Il significato del dolore nella vita di un bambino che supera ogni fase fino a diventare un giovane felice ed intraprendente. La traversia di Rodrigo Fernandes Meireles ci va vedere i frutti del dolore abbracciato, accettato e trasformato.

Daniel Fassa
Traduzione: Rodrigo F. Meireles e Tommaso Bertolasi

“Fino lì, molto camminai. Mi avventurai camminando in quella strada piena di curve e di misteri. Cercai di svelare ogni immagine che appariva, ogni suono che udivo, ogni sensazione. Sempre proseguii avanti, non avevo ragione per fermarmi. Sentii che niente poteva trattenermi. E così sfidavo i sentieri che trovavo. Può sembrare che stessi camminando da solo, ma non mi sentivo così solo, anche quando nascevano dubbi circa tale compagnia. Qualcuno camminava con me e sentivo ciò nelle profondità del mio io”. 

Dietro queste parole del racconto “La Rosa”, di Rodrigo Fernandes Meireles, si nasconde tutta una vita: sfide, superamenti, gioie e grandi scoperte. Una vita di incontro con una rosa.

Rodrigo nasce il 30 novembre 1982, a Fortaleza (CE) Brasile, in una famiglia cattolica. Nelle parole della mamma, “era un bambino felice, sempre allegro e sorridente, sempre sereno. Gli piaceva giocare con i mattoncini di legno, con Playmobil, e passava ore concentrato in qualche giocatolo, il più delle volte, chiacchierando con degli amici immaginari. Era un bambino precoce, che imparava velocemente e presto andò in scuola. Gli piaceva molto cantare e sapeva a memoria tutte le canzoni infantili che gli insegnavamo. Non era mai di mal-umore e la sua gioia e vivacità ci contagiavano, ci disarmavano quando qualcosa ci lasciava tristi. A scuola, si trovò bene con gli altri bambini e anche lì era un bambino allegro: la sua gioia accattivava a tutti”.

Allegria e gioia sempre furono i segni distintivi di Rodrigo, dall'infanza alla gioventù, in tal modo che non sempre era facile immaginare la misura delle sfide che affrontava ogni giorno. Rodrigo nasce con la Sindrome di Crouzon, una malattia genetica che impedisce la crescita del cranio e, conseguentemente, di uno sviluppo normale del cervello, e che può generare problemi neurologici, perdita di tutte le funzioni motorie, ritardo mentale e perfino la morte. Perciò, fino ai 23 anni, si sottomise a sette interventi chirurgici.

“Quando seppi che Rodrigo aveva la Sindrome di Crouzon pensai al suo futuro: come sarebbe difficile la sua vita, in una società edonista, che valorizza la bellezza, l'estetica; quante difficoltà sarebbero venute fuori per la sua vita sociale, per quanti rifiuti sarebbe dovuto passare; e poi, quanta sofferenza fisica avrebbe dovuto superare con ogni intervento chirurgico necessario e quante conseguenze sarebbero potute sorgere in virtù di quella male formazione” - ricorda Tereza, sua mamma. “Avrebbe avuto uno sviluppo psicomotorio normale, cognitivo o avrebbe presentato qualche ritardo in futuro? Dinnanzi a questo quadro poco favorevole, capii che Rodrigo aveva bisogno più che mai di essere amato e protetto. Allora, decisi nel mio intimo di essere lo scudo di mio figlio, di dare la vita per lui, di lottare per lui, di proteggerlo in tutte le maniere possibili, per assicurargli un tratamento adeguato, che favorisse il suo sviluppo ed anche la sua socializzazione”, continua lei.

I genitori presero la responsabilità di affrontare con il bambino le difficoltà ed aiutarlo in tutto. La sofferenza e le preoccupazioni di loro erano immense, ma cercavano di non dimostrarle per trasmettere a Rodrigo soltanto la sicurezza e l'orgoglio che avevano di lui.

Il primo intervento chirurgico fu fatto a Fortaleza, ai soli due mesi di vita, con esito positivo. Dopo di essa, il tratamento venne portato avanti da un'equipe di medici di São Paulo, generando molti e lunghi viaggi. Il secondo intervento, inizialmente previsto dopo 5 anni, avvenne d´urgenza, quando Rodrigo aveva ancora tre anni, a causa di un'inaspettata ipertensione intracraniana che si manifestò con delle convulsioni. Quella volta, un'infezione ospedaliera protrasse il ricovero per un mese.

Il quadro clinico solo peggiorò, l'infezione era ormai generalizzata e neppure i migliori medici riuscivano a recuperare la salute di Rodrigo. Fu un'esperienza molto intensa, come racconta Tereza: “Capii che non siamo veramente niente e dinnanzi a quella situazione decisi di donarmi totalmente a Dio. Fu proprio lì, in quel dolore immenso, che Dio mi si rivelò ed io risolsi di seguirLo. Poco dopo, Rodrigo ricevette la visita di un sacerdote, che li applicò l'unzione degli infermi. Con nostra sorpresa, qualche giorno dopo, si risollevò, senza febbre e senza qualsiasi segno di infezione”.

Infatti, qualche anno dopo, Tereza abbracciò una consacrazione speciale nell'ambito del Movimento dei Focolari, che aveva conosciuto dai genitori e, sopratutto, dagli inumerevoli membri che si fecero presenti nella vita della sua famiglia durante il tratamento di Rodrigo.

Dopo la lunga fase di crescita, arrivò il momento di un terzo intervento chirurgico. A 12 anni, Rodrigo potè fare un passo importante: “Mia mamma mi disse: 'fin qui t'ho seguito, abbiamo viaggiato insieme a São Paulo e sono stata sempre accanto a te. Ora puoi già decidere cosa vuoi fare e come vuoi fare'. Fu la prima grande scelta cosciente che feci, il primo grande passo in cui ebbi potuto dare, personalmente, il mio sì”. Rodrigo aveva ragione. Quel “sì” personale del 1995 era il primo di molti che disse da lì in poi; principalmente, nei momenti di grandi dolori.

Nel 2000, a 17 anni, visse l'intervento chirurgico più difficile e doveva rimanere a São Paulo per un mese. Tutta la famiglia era insieme per quell'intervento. Rodrigo ricorda anche dell'atmosfera tranquilla che anticipò quell'occasione: “Le infermiere ci guardavano chiacchierare, seduti sui letti e sui divani dell'apartamento dell'ospedale. Non sembrava che qualcuno stesse soffrendo. Il clima tra noi era molto positivo, era un'atmosfera che mi faceva respirare quella scoperta dell'Amore di Dio”.

Nel periodo post-operatorio, in un giorno di intensi dolori, Rodrigo gridò, assorto in una forte sofferenza. C'era soltanto sua mamma nella camera, che lo prese per mano e disse col suo immenso amore di mamma: “ora siamo su un ponte. Che possiamo fare? Attraversiamo il fiume o restiamo qui?” Rodrigo aveva bisogno di continuare a fare i suoi passi, il suo “sì”. Non poteva fermarsi lì. E non si fermò, come narra nel suo racconto “La Rosa”:

“Ricordare quel ponte è ricordare un momento di gloria che è per me indimenticabile. Non fu facile attraversare un ponte che, tanto lungo e complicato, sembrava aumentare ad ogni mio passo. Era assicurato da qualche corda poco fidabile ed era composto da parecchi pezzi di legno. Tra questi pezzi c'erano delle breccie che spaventavano chi osasse attraversarlo. Senza un'altra uscita, cercai di fare i primi passi tenendomi in equilibrio sulle corde. Tremavo. Guardavo in giù, ma subito deviavo lo sguardo. Non era per niente facile guardare la corrente rumorosa di laggiù. Immaginavo che uno dei tronchi portati dal fiume potrebbe essere me stesso. E questo sommato all'angoscia di voler uscire subito da lì generava una sensazione conflittuosa. Pensavo indefinite volte alla possibilità di desistere, alla paura di cadere e a tante altre insicurezze. Ma non desistii. Per quanto distante potesse essere l'altra riva non avevo motivi per fermarmi. Mi restava proseguire in avanti. Dopo che la traversia fu conclusa, guardai quel grande buco dietro a me e cercai di comprendere la sua reale dimensione. Arrivai, infine, all'altra riva”.

Ancora in questo periodo di convalescenza, Rodrigo ricorda di un altro momento importante. Percependo la sofferenza di sua mamma dinnanzi al suo dolore le disse: “non voglio vederti preoccupata con i miei dolori. Devi capire che tali dolori sono miei. Comprendi che ciò che mi fa male è mio. Sono situazioni che io ho bisogno di vivere, sono passi che io devo fare, questa è la croce che io devo abbracciare”.

Fu questo abbraccio personale che, lungo la sua vita, diede forze a Rodrigo per andare oltre le proprie difficoltà e donarsi: quando bambino, con i suoi piccoli gesti di amore al prossimo; quando adolescente, amministrando con gli amici uno studio grafico amatoriale che destinava parte dei suoi utili ai poveri e alla formazione di “uomini nuovi”; quando giovane, partecipando attivamente al Centro Accademico della sua facoltà di Psicologia e ad un partito politico.

Rodrigo, ancora nel 2000, fece un'altro intervento chirurgico dovuto il rifiuto della protesi organica e al sorgere di una fistola nel palato. Dopo di questo, ancora altri due interventi.

Oggi Rodrigo abita in Italia dove si specializza in “Fondamenti e prospettive di una cultura dell'Unità”, presso l'Istituto Universitario Sophia, del Movimento dei Focolari. La disponibilità è la stessa di sempre. Grazie a tale disposizione è conosciuto come il “sindaco di Tracolle”, residenza degli studenti dove abitano 14 alunni di diversi paesi, e la cui amministrazione Rodrigo prese con dedizione. Nel futuro, pensa di sposarsi e, sopratutto, “servire l'umanità”. Il giovane identifica l'amore di Dio con una rosa.

 “Quella rosa era la grande scoperta che feci nella mia vita, era esattamente la rivelazione di Dio in ogni fase vissuta, in ogni momento; percepii la gioia necessaria per vivere ogni esperienza. Questa rosa rappresentava niente meno che Dio, essendo coltivata in me da piccolo. Secondo Chiara Lubich, è molto facile sentire attorno a noi che non esistono rose senza spine. Ma in verità non esistono spine senza rose. Dietro ogni fatto, ogni avvenimento, sia doloroso o no, piccolo o grande, forte o debole, Dio è lì e ci accompagna”. E il racconto finisce così: “Mi sento bene. Trovai la rosa”.



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3.11.10

Não há espinhos sem rosas

Em fevereiro deste ano, foi publicada uma matéria na revista Cidade Nova que conta a minha experiência de vida, destacando momentos significativos. O jornalista Daniel Fassa, a partir de uma entrevista realizada comigo e com a minha mãe, conseguiu escrever de forma simples e brilhante algumas das passagens mais importantes, destacando o essencial de minhas escolhas. Vale a leitura.

Não há espinhos sem rosas

O significado da dor na vida de uma criança que supera todas as fases até tornar-se um jovem, feliz e empreendedor. A travessia de Rodrigo Fernandes Meireles nos mostra os frutos da dor abraçada, aceita e transformada.

Daniel Fassa

"Até ali, eu havia andado demais. Aventurei-me caminhando naquela estrada cheia de curvas e mistérios. Procurando desvendar cada imagem que aparecia, cada som que ouvia, cada sensação. Eu sempre segui em frente, não havia razão para parar. Sentia que nada podia me deter. E assim eu ia desafiando as trilhas que encontrava. Pode parecer que eu andava só, mas não me sentia tão só assim, mesmo quando pairava a dúvida acerca dessa companhia. Alguém caminhava comigo e eu sentia isso nas profundezas do meu eu.” 

Por trás dessas palavras do conto “A Rosa”, de Rodrigo Fernandes Meireles há toda uma vida. Uma vida de desafios, superações, alegrias e grandes descobertas. Uma vida de encontro com uma rosa.

Rodrigo nasceu em 30 de novembro de 1982, em Fortaleza (CE), numa família católica. Nas palavras da mãe, “era uma criança feliz, sempre alegre e sorridente, sempre sereno. Gostava de brincar com blocos de madeira, com Playmobil, e passava horas concentrado em algum brinquedo, na maioria das vezes, conversando com os amigos imaginários. Era uma criança precoce, que aprendia rápido, logo foi para a escola. Gostava muito de cantar e sabia de cor todas as músicas infantis que lhe ensinávamos. Nunca estava de mau humor e a sua alegria e vivacidade nos contagiavam, nos desarmavam quando alguma coisa nos deixava aborrecidos. Na escola, logo se entrosou com as outras crianças e também lá era uma criança solícita; sua alegria cativava a todos”.

Solicitude e alegria sempre foram as marcas distintivas de Rodrigo, da infância à juventude, de tal modo que nem sempre era fácil imaginar o tamanho dos desafios que ele enfrentava a cada dia. Rodrigo nasceu com Síndrome de Crouzon, doença genética que impede o crescimento do crânio e, consequentemente, um desenvolvimento normal do cérebro, podendo acarretar problemas neurológicos, perda das funções motoras, retardo mental e até a morte. Por isso, até os 23 anos, se submeteu a sete cirurgias. 

"Quando fiquei sabendo que Rodrigo tinha Síndrome de Crouzon, pensei no seu futuro: como seria difícil a sua vida, numa sociedade hedonista, que valoriza a beleza, a estética; quantas dificuldades surgiriam para a sua socialização, por quantas rejeições passaria; depois, quanto sofrimento físico viria com todas as cirurgias necessárias e quantas sequelas poderiam advir como consequência daquela má formação” – recorda Teresa, sua mãe. “Teria ele um desenvolvimento psicomotor normal, cognitivo ou apresentaria algum retardo no futuro? Diante desse quadro pouco favorável, entendi que Rodrigo precisava mais do que nunca ser amado e protegido. Então, decidi em meu íntimo ser o escudo do meu filho, dar a vida por ele, lutar por ele, protegê-lo de todas as maneiras possíveis, para garantir-lhe um tratamento adequado, que favorecesse o seu desenvolvimento e também sua socialização”, continua ela.

Os pais assumiram o compromisso de enfrentar com o menino as dificuldades, e ajudá-lo em tudo. O sofrimento e as preocupações deles eram enormes, mas procuravam não demonstrá-los e transmitir a Rodrigo apenas segurança e o orgulho que tinham dele.

A primeira cirurgia foi realizada em Fortaleza logo aos dois meses de idade e teve sucesso. Depois disso, todo o tratamento passou a ser conduzido por uma equipe de médicos de São Paulo, o que acarretou muitas e longas viagens. O segundo procedimento cirúrgico, inicialmente previsto para dali a cinco anos, acabou sendo realizado em caráter de urgência, quando Rodrigo tinha apenas três anos de idade, devido a uma inesperada hipertensão intracraniana que se manifestou sutilmente através de uma episódio de vômito na escola. Dessa vez, uma infecção hospitalar o manteve internado por um mês.

O quadro só se agravou, a infecção já era generalizada e nem os melhores médicos conseguiam recuperar a saúde de Rodrigo. Foi uma experiência muito intensa, como conta Tereza: “Entendi que não somos mesmo nada e diante daquela situação decidi doar-me totalmente a Deus. Foi ali, naquela dor imensa, que Deus se revelou a mim e eu resolvi segui-Lo. Pouco depois, Rodrigo recebeu a visita de um padre, que lhe deu a unção dos enfermos. Para a surpresa de todos, alguns dias depois ele teve alta, sem febre e sem sinais de qualquer infecção”.

De fato, alguns anos depois, Tereza abraçaria uma consagração especial no âmbito do Movimento dos Focolares, que havia conhecido pelos pais e, principalmente, pelos inúmeros membros que se fizeram presentes na vida de sua família durante o tratamento de Rodrigo.

Depois da longa fase de crescimento, chegou o momento de fazer uma terceira cirurgia. Já com 12 anos, Rodrigo pôde dar um passo importante: “Minha mãe me disse: ‘Até aqui eu acompanhei você, viajamos juntos para São Paulo, estive todo o tempo ao seu lado. Agora você já pode decidir o que quer fazer e como quer fazer’. Foi a primeira grande escolha que fiz, o primeiro passo que pude dar, pessoalmente, o meu sim”. Rodrigo estava certo. Aquele “sim” pessoal de 1995 era o primeiro de muitos que ainda diria dali para frente; principalmente nos momentos de dor.

Em 2000, com 17 anos, ele viveria a cirurgia mais difícil e teria que permanecer em São Paulo por um mês. Toda a família resolveu acompanhá-lo. Rodrigo recorda também da atmosfera descontraída que antecedeu a cirurgia: “As enfermeiras olhavam a gente conversando, sentados nas camas, no sofá do apartamento do hospital. Não parecia que alguém ali estivesse sofrendo. O clima entre as pessoas era muito favorável, era uma atmosfera que me fazia respirar aquela descoberta do amor de Deus”.

No período pós-operatório, num dos dias de dor mais intensa, Rodrigo gritou, tomado pelo sofrimento. Apenas sua mãe estava com ele no quarto. Ela segurou sua mão e disse com seu imenso amor de mãe: “Estamos em cima de uma ponte agora. O que vamos fazer? Atravessaremos o rio ou ficaremos aqui?” Rodrigo precisava continuar dando seus passos, o seu “sim”. Não podia parar ali. E não parou, como narra em seu conto “A Rosa”: 

"Recordar aquela ponte é lembrar um momento de glória que considero inesquecível. Afinal, não foi fácil atravessar uma ponte que, de tão comprida e complicada, parecia que aumentava a cada passo meu. Ela estava segura por algumas cordas não muito confiáveis e era preenchida por várias tábuas de madeira. Entre algumas dessas tábuas haviam brechas que assustavam qualquer um que se atrevesse a atravessá-la. Não vendo outra saída, procurei dar os primeiros passos equilibrando-me nas cordas. Eu tremia. Olhava para baixo, mas rapidamente desolhava. Não era fácil ver aquela correnteza barulhenta lá embaixo. Eu imaginava que um dos muitos troncos que eram carregados pelo rio poderia ser eu. Isso, somado à angústia de querer sair dali logo, gerava uma sensação conflituosa, que me fazia perguntar indefinidas vezes quanto à possibilidade de desistir, quanto ao medo de cair ali mesmo e tantas outras perguntas. Mas não desisti. Por mais distante que a outra margem pudesse estar, eu não via motivos para parar. Só me restava seguir em frente. Ao concluir a travessia, olhei para aquele buraco que ficava para trás e procurei entender a sua real dimensão. Cheguei, enfim, à outra margem.”

Ainda nesse período de recuperação, Rodrigo se lembra de outro momento importante. Percebendo o sofrimento da mãe diante da sua dor, disse-lhe: “Não quero ver você se preocupando com as minhas dores. Você tem que entender que essas dores são minhas. Compreenda que o que me faz sofrer é meu. São situações que eu preciso viver, são passos que eu preciso dar, essa é a cruz que eu preciso abraçar”.

Foi esse abraço pessoal que, durante toda a vida, deu forças a Rodrigo para ir além das próprias dificuldades e se doar: quando criança, com seus pequenos gestos de amor ao próximo; quando adolescente, administrando com amigos uma gráfica amadora que destinava seus lucros aos pobres e à formação de homens novos; quando jovem, participando ativamente do Centro Acadêmico de sua faculdade de psicologia e se filiando-se a um partido político.

Rodrigo, ainda em 2000, faria outra cirurgia devido à rejeição da prótese orgânica e ao surgimento de uma fístula no céu da boca. Depois dessa, mais duas intervenções cirúrgicas.

Hoje, Rodrigo mora na Itália, onde se especializa em “Fundamentos e Perspectivas de uma Cultura da Unidade”, no Instituto Universitário Sophia, do Movimento dos Focolares. A disponibilidade é a mesma de sempre. Graças a essa disposição é conhecido como “o prefeito de Tracolle”, residência estudantil onde moram 14 alunos de diversos países, e cuja administração financeira Rodrigo assumiu com muita dedicação. No futuro, ele pensa em se casar e, acima de tudo, “servir à humanidade”. O jovem indentifica o amor de Deus com uma rosa.

"Aquela rosa era a grande descoberta que eu fiz na minha vida, era justamente a revelação de Deus em cada fase, em cada momento, percebi a alegria necessária para viver cada experiência. Essa rosa representava nada mais nada menos que Deus sendo cultivado em mim desde pequeno. Segundo Chiara Lubich, é muito fácil ouvir por aí que não existem rosas sem espinhos. Mas também não existem espinhos sem rosas. Por trás de cada fato, de cada acontecimento, seja ele doloroso ou não, pequeno ou grande, forte ou fraco, não importa, Deus está ali e nos acompanha”. E o conto termina assim: “Sinto-me bem. Encontrei a rosa”.



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