Textos e reflexões de Rodrigo Meireles

4.5.11

Como festejar a morte de uma pessoa?

A nação norte-americana vibrou! Festejou à valer como se tivesse vencido um campeonato importante durante a madrugada desta última segunda-feira. Uma festa que ainda continua! Hoje saiu uma notícia de que chegaram ao ponto de confeccionar peças de roupas e outros objetos com estampas destacando a alegria pela morte de Bin Laden. Como alguém pode festejar a morte de uma pessoa de maneira tão efusiva?

Por acaso a morte de Bin Laden resolveu os problemas? Segundo o presidente dos Estados Unidos, "a justiça foi feita". Perguntemo-nos: como se faz justiça? É possível eliminar o mal matando alguém? Estamos realmente livres do mal com o morte de Bin Laden? A julgar pelo tamanho da festa em território norte-americano, sim; mas a julgar com a inteligência que lhes parece faltar nesses momentos, não. O mundo continua o mesmo, com ou sem Bin Laden, pois o mal não é fruto de uma só pessoa; tem raízes bem mais profundas e o que ele fez outros podem fazer.

O atentado às torres gêmeas e ao pentágono, orquestrado pela organização comandada por Bin Laden, foi, sem dúvida, um estrondoso crime contra a humanidade. No entanto, o ato dos Estados Unidos revela a prepotência de uma cultura que se acha salvadora do mundo e com o direito de invadir países com o motivo que julgar correto e oportuno. O que eles fizeram abre novos e perigosos precedentes de violação de direitos humanos, uma vez que a ação realizada no Paquistão pode ser feita em qualquer lugar, como já demonstrado no Iraque e no Afeganistão recentemente.

Os Estados Unidos utilizaram a força militar numa ação unilateral, sem aliança com outros países, em território estrangeiro. Em outras palavras, invadiram a casa de uma pessoa em um outro país e a assassinaram. Por que não capturaram Bin Laden e sua trupe para melhor conhecer as causas que os levaram a cometer os atos de terrorismo? Certamente, a Al Qaeda poderia ser melhor conhecida com uma investigação mais detalhada feita com o próprio Bin Laden, que diziam ser o comandante principal. No entanto, ele foi sumariamente executado, eliminado, num ato tão covarde quanto o que o próprio cometeu comandando o atentado às torres gêmeas e ao pentágono.

O terrorista mais procurado está morto, mas não há o que festejar. Afinal, sangue não pede mais sangue e a paz não precisa da guerra. Onde iremos parar se continuar assim?


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