Textos e reflexões de Rodrigo Meireles

31.3.12

A Política e a Morte

Que o Senador Demóstenes Torres (DEM-GO) está "morto politicamente" poucos duvidam, mas o fato é que a política, tal como está, assiste a morte dos valores primordiais da democracia e da ética humana. Fere-se, a todo instante, a dignidade humana, o respeito à igualdade de direitos, a liberdade, a coerência e a verdade em nome de interesses privados e de uma incessante busca pelo poder. Com isso, a política não se revela como espaço de todos os cidadãos unidos em torno de um bem comum, é apenas um espaço de embates territoriais repleto de "toma lá, dá cá" no qual vence quem se associa ou se articula melhor.

Já não valem discursos pomposos que defenda a ética e o combate à corrupção, que o diga o Senador mencionado. Um homem de palavras tão diretas e cujo discurso se pautava pela afirmação da honestidade e do combate à corrupção agora se defende argumentando que as investigações feitas contra ele foram ilegais. Para além da legalidade ou não, há que se considerar que de um senador da envergadura de Demóstenes, líder da oposição no Senado, não se pode esperar negociações ilícitas de qualquer ordem, pelo bem da democracia e dos cidadãos, que legitimam a sua função. Se é verdade o que as acusações apontam, qualquer investigação é válida e não pode ser diminuída em virtude do cargo que se ocupe, uma vez que envolve favorecimentos a interesses limitados, apoio a práticas ilegais e enormes somas de dinheiro.

Não duvido que outros políticos estejam envolvidos neste escândalo, como não se duvida que muitos políticos estejam enrolados em práticas corruptas. Não é de hoje, dado que este mal nos persegue há séculos nos mais diversos recantos da humanidade. Contudo, é na política (ou através dela) que esta mesma humanidade pode sobreviver enquanto espécie, pois é pensando-se, coletivamente, que se descobre enquanto povos capazes de convivência. Matando a política, matamos os cidadãos, e a humanidade perde seu rumo. Portanto, matando os valores já amadurecidos e desenvolvidos por esta mesma humanidade, lentamente matamos a política e, assim, contribuímos para a morte de todos nós.

Exemplos como o citado acima são constantemente repetidos a cada dia, para além do quem, do onde e do como. São estes "exemplos" que afetam a esperança por mundo melhor de milhares de pessoas que apenas querem viver felizes e em paz. São "exemplos" que não queremos ver repetidos em nossa história, para que esta nos orgulhe e nos permita morrer tranquilamente. É hora de acordar e mudar esta política!


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