Textos e reflexões de Rodrigo Meireles

16.10.10

A internet e a sua força nas eleições 2010

Como podemos ver, o debate eleitoral tem se tornado cada vez mais acalorado e as notícias voam com uma velocidade incrível. "Nunca antes na história deste país" tivemos tamanha troca de informações em prol das eleições. Os candidatos se prepararam antes do processo eleitoral iniciar e se armaram com blogs, twitters, facebook e orkuts, criando perfis, comunidades e sites para abrir novos canais de comunicação com o eleitor. Além disso, os blogueiros de plantão, entre jornalistas e cidadãos comuns, também intensificaram o debate na rede mundial de computadores.

Segundo estatísticas colhidas pelo site To be Guarany!, no Brasil já temos mais de 67,5 milhões de internautas, dos quais pelo menos 36,4 milhões têm acesso regular, em casa ou no trabalho. Considerando o total, ao menos 87% acessam a internet semanalmente e o ritmo de crescimento tem aumentado intensamente. Segundo a Agência Estado, o Brasil ocupa a quinta posição em mercado de celulares e internet.

Nesse contexto, como muitos blogs e analistas puderam confirmar, o resultado das eleições presidenciais no primeiro turno foram bastante influenciados pela troca de informações virtuais. Além disso, é mais fácil para o eleitor ter contato com notícias de diversos espectros sem ficar restrito àquilo que é veiculado pela grande mídia. Ainda que esta última detenha o controle das próprias notícias, selecionando a matéria que lhe convém, com a internet o eleitor tem maiores chances de democratizar o debate em torno de cada campanha.

Como sabemos, em uma democracia, opiniões diferentes e até contraditórias são parte do jogo. Faz-se necessária uma discussão que possibilite aos cidadãos uma leitura ampla da própria realidade, encontrando divergências e convergências, dialogando e tentando discutir como melhorar a vida comum a eles. A política, numa democracia, cuida do que é de todos, abrindo espaços de diálogo entre os cidadãos e garantindo liberdade e igualdade de expressão. O objeto da política é o bem comum.

Lamentavelmente, o que vemos nas últimas semanas na internet e na grande mídia não corresponde exatamente à descrição acima. Assistimos a uma onda difamatória e caluniosa capaz de criar um racha na consciência e na memória brasileira, incitando o ódio a quem se declare a favor da candidatura de Dilma. É impressionante como na grande mídia (refiro-me aos principais jornais e revistas) é difícil encontrar alguma matéria positiva à respeito da candidata do governo, Dilma Roussef. Querem ludibriar o povo brasileiro e fazê-lo acreditar que José Serra é o santo, o cristão, o abençoado, ou o "homem de bem", enquanto que à Dilma são associadas as imagens de "assassina", "bandida" e "matadora de criancinhas". É a "mulher do mal" contra o "homem de bem". Estou indignado com tanta farsa e tamanha baixaria!

O meu consolo é que a democracia hoje só tem a ganhar com meios como a internet, de modo a não se intimidar com a força paranóica e ultra-conservadora da grande mídia. Posso, mesmo distante do Brasil, estar à par do que acontece, indignar-me e fazer chegar a todos os que conheço a minha indignação. O curioso é que em meio às minhas manifestações, já fui chamado de tendencioso e imparcial, mas, se analisarmos com profundidade a realidade atual da discussão, imparcial é um jornal como a Folha de São Paulo que publica na capa de sua edição de 12/10 uma foto onde Dilma não faz o sinal da cruz em uma celebração. Imparciais são os meios que publicam uma foto de José Serra beijando o crucifixo de um rosário em plena carreata, em Goiás. Em suma, imparcial é quem não se abre ao diálogo e não permite a discussão de temas mais sérios do que fofocas e difamações. Onde existe manipulação e calúnia, não existe espaço para a liberdade, rompendo com isso a própria lógica da democracia.

Contra esse tipo de absurdo continuarei a me manifestar, certo de que posso exercer o meu direito de cidadão, alertando os desvios e fomentando um debate justo e verdadeiro em torno do que realmente interessa para o Brasil. Nos meus perfis do Twitter, do Facebook e do YouTube tenho discutido intensamente sobre estas questões. Convido a todos a fazerem o mesmo, intensificando o debate eleitoral.

Viva a internet e a liberdade!


3 comentários:

  1. Olá Rodrigo!
    Então, falar de política é um assunto delicado.
    Seus textos sempre nos fazem refletir sobre um assunto que geralmente os brasileiros não estão acostumados a debater. Parabéns e continue a debater idéias, mesmo que o acusem de imparcial ou tendencioso. Grande abraço!

    ResponderExcluir
  2. Obrigado, George! Política é um campo delicado, mas necessário. Não a considero um mal, mas um espaço de diálogo onde o coletivo se encontra para melhorar a vida comum.
    A meu ver, a questão não é ser imparcial ou parcial, mas justo e honesto. O que não posso admitir é essa onda de calúnias que circula na internet nesta segunda fase do processo eleitoral.
    Façamos a nossa parte: (1) evitando fazer o mesmo que a grande mídia manipuladora e (2) desmentindo os fatos. A Verdade, parente da Justiça, deve prevalecer.
    Um grande abraço!

    ResponderExcluir