Textos e reflexões de Rodrigo Meireles

21.11.10

Como aprendi a voar

No dia que a conheci, estava eu em um enorme jardim repleto das mais variadas flores. Ao meu redor, um sem-fim de girassóis, tulipas, gérberas, rosas, jasmins e várias outras cujos nomes não conhecia. Fazia sol em um dia de céu claro e aberto e eu seguia a minha rotina de contemplador, a cada dia descobrindo uma nova flor.

No doce balançar do vento, as flores sorriam a cada movimento e, alcançando a sua beleza originária, conversavam entre si a poesia eterna. Cada uma, ao seu modo, revelava-se no seu florescer, abrindo-se para o mundo e descobrindo-se flor. Em meio a este concerto de vozes e cantos, eu me encontrava envolto numa atmosfera poética que me conduzia a uma sutil sensação de levitação. Eu queria voar e atingir o alto deixando-me levar pela poesia do lugar.

Foi assim que a conheci: ela, que já voava, deixava um colorido rastro por onde passava e se guiava de flor em flor em rápidos e ágeis movimentos. Era difícil acompanhá-la, pois parecia querer estar em todos os lugares e, em alguns momentos, a perdia de vista. Era encantadora e o meu desejo de voar pouco a pouco se projetava naquele vôo magistral que eu então acompanhava.

Em cada vôo, um desenho no ar, que destacavam os dons daquela que me roubava o olhar. Esplêndida conjunção de cores! Magnífica simetria! Aquele jardim já não era o bastante para um coração pulsante e desejoso de um sublime amor. Assim, com a força do vento e o dinamismo daquela singela borboleta, voei...


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