Textos e reflexões de Rodrigo Meireles

25.7.13

O poder da mudança

Recentemente, uma pessoa perguntou-me o que eu faria se tivesse todo o poder do mundo. Sem muitas delongas e com sinceridade, eu posso responder que eu gostaria de acabar com todo o mal, parar todas as guerras e também parar todas as violências cometidas pelos humanos. Se eu tivesse este específico poder, eu gostaria de fazer com que todas as pessoas fossem capazes de viver o verdadeiro Amor.

Sim, se eu tivesse este poder, eu gostaria de acabar com todo o mal e parar todos os sofrimentos. Eu não gostaria mais de ver crianças chorando porque não têm o que comer e também não gostaria de ver pessoas miseráveis nas ruas das estradas mundo afora vítimas de interesses restritos e materiais. Ao invés disso, eu gostaria de ver mais dignidade para todas as pessoas do mundo.

Mas, como eu faria isso? Como sabemos, o mundo é enorme e as pessoas são bastante diferentes umas das outras. Vivem diversas culturas, dentre as quais, culturas que as fazem pensar diferente de mim em muitos aspectos e que têm, cada uma, belezas e riquezas próprias. Existem diferentes crenças no mundo e diversos interesses que movem as ações das pessoas. Como eu poderia dizer o que é melhor para cada um em particular? As pessoas são livres para escolher como viver e mesmo um tal extraordinário poder não mudaria isto por muito tempo. Um poder assim apenas subordinaria as pessoas a mim, tolhendo a liberdade e forçando uma unidade que não respeita as diferenças. Um poder deste tipo não me serve e não me representa.

Contudo, apesar das diferenças, eu penso que também existem diversos princípios comuns e essenciais entre os vários povos e culturas, como o princípio da vida, que inspira o princípio da dignidade da vida humana. Segundo Kant, cada pessoa é um fim em si mesma, não um meio, e tem potencialidades que precisam ser valorizadas. Portanto, através deste princípio, cada pessoa pode ser mais tolerante e mais respeitosa, dado que para viver e preservar a própria vida, deve também saber viver com quem está ao lado. A vida não é de um ou de outro, não pertence a alguém específico. A vida é de todos para ser vivida com todos, o que exige abertura, respeito e tolerância. Nenhuma pessoa que valoriza a própria vida quer morrer e, por isso mesmo, não pode ter o direito de matar ou fazer sofrer a outrem. Então, podemos dizer que é possível viver com outras pessoas, mesmo se tais pessoas sejam tão diferentes.

Diante disto, uma pergunta: existiria algo que todas as culturas poderiam viver para que uma mudança acontecesse a ponto de amenizar os conflitos e os sofrimentos? Sim, existe! O Amor ao próximo! Viver com o outro significa saber doar-se, ou seja, amar. Todas as culturas podem viver isto. Ainda que o mal exista e que o homem possa escolher entre fazer o bem ou o mal, o Amor é a chave para a fraternidade universal.

Desta forma, eu posso dizer que tenho algum poder. Primeiramente, porque posso mudar a mim mesmo para ser o primeiro a amar e, fazendo isso, eu posso gerar a mudança nas pessoas próximas a mim e transformar o mundo, como uma onda do mar. Para isto, eu preciso ser a mudança que eu quero para o mundo. Portanto, eu posso viver este poder em cada ação, em cada olhar e em cada escuta que faço no meu dia-a-dia. Não é fácil, eu sei, e muitas vezes posso errar. Todavia, posso praticar este Amor todos os dias e viver a minha vida de forma livre e leve. O segredo é viver o Amor. Isto é, começar a mudança a partir de mim, sendo capaz de doar-me para cada pessoa ao meu redor. Ou, simplesmente, ser o Amor. Este é o meu poder de mudança.

A ação de cada um de nós e um poder tão singular podem parecer insignificantes diante de um mundo tão vasto e complexo, mas, se cada um usa o seu poder de amar, este mundo poderia ser um lugar diferente e bem melhor para viver.




2 comentários:

  1. Bonitas palavras. Ainda assim, gostaria de fazer algumas digressões: A primeira é tentar entender o que o mal. Numa acepção mais filosófica o mal seria tudo aquilo que é contrário às leis de Deus ou leis divinas. Mas, aí vem o questionamento inevitável: Quais são as leis de Deus: São tantas culturas, tantos credos religiosos. Onde a verdade inquestionável? Sinceramente, não sei. Se está difícil responder o que o mal por esse conceito, vamos então por outro conceito: Assim como a escuridão é a ausência da luz; o freio é a ausência do calor, o preto é a ausência das cores, o MAL É A AUSÊNCIA DO BEM. Aí a primeira e mais direta conclusão que faz a psicosfera terrestre. Ouvi hoje do Papa: bote fé, bote fé, bote fé. Pode não mover o mundo, mas é o trilho de novos tempos. Fé, amor, razão e consciência é o roteiro seguro para novos e melhores dias sem maldades.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Certamente! Diante de tamanha diversidade cultural, como definir o mal? Podemos definir o mal compreendendo o que há em comum entre as culturas, para além dos credos. Desta forma, o mal é "a ausência do bem", como você mencionou. É a falta de Amor. Toda vez que ferimos um princípio basilar e comum a todas as culturas cometemos um mal, e o principal deles é o princípio da vida. A todo instante, vemos este mal acontecer diante de nós. Contudo, a todo instante também podemos amar e fazer diferente. Para que o mundo mude, é necessário atitude.

      Excluir