Textos e reflexões de Rodrigo Meireles

20.9.10

A África por ela mesma

É possível que um continente de grandes proporções como a África ainda precise de um sistema de comunicação capaz de fazer circular as notícias escritas ali? Sim, é um fato real. Infelizmente, a África é para muitos um continente desconhecido e ignorado e lá dentro ainda há muito por ser feito de modo a garantir uma melhor qualidade de vida. Dentro do fenômeno da globalização, um dos elementos hoje relevantes para não se isolar do resto do mundo é uma boa comunicação, mas não quero aqui me referir somente à comunicação que chega de fora, com notícias de outros países ou mesmo com notícias sobre a África mas veiculadas por agências de outros continentes. Quero destacar a importância da comunicação que circula lá dentro e que é elaborada por eles mesmos.

Não é de hoje que a África e seus países tentam sair da exploração proveniente de outros continentes e ainda vemos marcas da dominação sofrida ali, uma delas é a da comunicação de massa. Tal dominação ocorre sobretudo em virtude da carência de meios próprios para a produção e veiculação de notícias, da falta de profissionais com boa formação e da precária infraestrutura. Como já destacado, o continente deve desenvolver sempre mais a sua própria comunicação de modo a mostrar ao mundo a sua verdadeira face. Isso deve ser feito por eles mesmos, ainda que experiências de pessoas ou entidades estrangeiras à esta terra sejam válidas.

Hoje, no TEDxIUSstudents, evento com o qual colaborei, tive a oportunidade de conhecer a experiência do jornalista italiano Riccardo Barlaam em um projeto realizado por ele na África, mais precisamente na República dos Camarões. Este projeto consiste em formar jornalistas e proporcionar a troca de notícias entre eles através de um canal comum, possibilitando um contato com a realidade africana a partir de jornalistas africanos. Desta formação e desta troca de notícias nasceu o portal AfricaTimesNews, que em poucos meses de vida alcançou uma média de 30.000 leitores mensais. Parece ser uma idéia simples, mas permite que aquela gigantesca comunidade de povos e nações se revele.

Eis aí o que mais me chama a atenção neste projeto: o fato de poder formar pessoas que possam comunicar a própria realidade antes de mais nada a elas próprias, e, simultaneamente, a todo o resto do mundo. Daí decorrerá, não tenho dúvidas, a necessidade de desenvolver ainda mais esta comunicação, agregando mais qualidade ao seu conteúdo e proporcionando uma maior integração dos próprios africanos através de suas próprias notícias.


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